São João da Cruz disse certa vez: “O orgulho atrasa o progresso espiritual”. O orgulho é uma forma de egocentrismo, muito mais sutil do que os autoelogios ou a inclinação de querer controlar tudo. Ele nos separa de Cristo e nos empurra para a nossa própria autonomia, impedindo-nos de progredirmos nos caminhos da fé e da santidade.
O orgulho espiritual muitas vezes se apresenta coberto com uma capa de humildade. O fervor e o zelo com as questões espirituais, o rigor com a instituição, com a leitura da Bíblia, o jejum, os retiros, as orações – tudo isso pode encobrir um coração tomado pela vaidade, o amor próprio e o sentimento de que “eu posso fazer tudo sozinho”. Um sentimento que faz a pessoa tornar-se orgulhosa de ser tão piedosa. Jesus descreveu o fariseu, em Lucas 18, como alguém assim. Na verdade, este personagem era o retrato daqueles que “confiavam em sua própria justiça e desprezavam o outro” (9).
Um homem de oração, que visitava o templo regularmente, que se desviava os passos de uma vida de corrupções, ladroagens e adultérios, dedicado ao jejum e extremamente zeloso quanto aos dízimos. Um homem que possuía todas as credenciais de alguém de fé e cuidadoso de sua religião. No entanto, toda aquela postura encobria um homem adoecido espiritualmente e distante da graça de Cristo. Portanto, cuidado! O orgulho cria em nós autoconfiança e rejeita qualquer suspeita de mal em relação a nós mesmos, fazendo supor sermos irrepreensíveis e os mais perfeitos cristãos. Os errados são sempre os outros. Muito dificilmente uma pessoa tomada de orgulho espiritual reconhecerá o seu pecado.
Jonathan Edwards, um pastor avivalista do século XVIII, descreveu em seu “Orgulho Espiritual Oculto”, alguns sintomas que revelam as marcas deste sutil pecado em nós: (1) A pessoa espiritualmente orgulhosa sente que já está cheia de luz, não necessitando de instrução; (2) Tende a apontar os pecados dos outros e a não reconhecer os seus próprios; (3) Fala asperamente e severamente de quase tudo que percebe nos outros, ímpios ou crentes, em atitude de condenação; (4) Via de regra se comporta de modo diferente na sua aparência exterior, assumindo um jeito diferente de falar, expressar ou agir; (5) Dá muita atenção à oposição e a injúrias, tendendo a falar dessas coisas frequentemente com um ar de amargura ou desprezo; (6) Comporta-se de tal forma que chama as atenções para si; (7) Tende mais a instruir aos outros do que se dispor a ouvir e aprender, mais a responder do que a fazer perguntas, assumindo constantemente um ar de mestre; (8) Assume tantas coisas para si, ao ponto de tratar os outros com negligência.
Considerando essas dicas do pastor Edwards, como nos encontramos? Você consegue perceber sinais do orgulho espiritual em sua vida e atitudes? Lembremo-nos das palavras de Jesus: “Quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (14).
Pr. Carlinhos Veiga, Igreja Presbiteriana do Lago Norte, Brasília.