Castanheirenses/acreanos relatam drama das enchentes

RESUMO DA NOTÍCIA

Muitos cidadãos ligados a Castanheira estão no centro de um dos problemas mas sérios enfrentados no momento: as enchentes do Acre, Estado que optaram para viver há algum tempo.
Quando deixaram Castanheira, em 2015, rumando para o Estado do Acre, na região norte, os irmãos Gleisson e Lucas Rios estavam seguindo uma rota que nos últimos anos tornou-se comum a muitos moradores da região noroeste de Mato Grosso, na busca de novos horizontes. Ronilton, o outro irmão, atraído pelas boas notícias, iria três anos depois. Estabeleceram-se em Sena Madureira, mesma referência de outro ex-morador da terra dos castanheiros: Ivan Rios. 
 
Figuras já conhecidas no município de 45 mil habitantes, hoje dizem amar o lugar, mesmo que, depois de 23 anos, como lembra Ronilton, estejam conhecendo neste ano de 2021 um lado que incomoda os acreanos: as enchentes. Nas últimas semanas especialmente Rio Branco, a capital, Cruzeiro do Sul – cidade mais populosa do interior, com 78 mil habitantes – Tarauacá, Feijó e Sena, num trocadilho “entraram em cena” no país, pelo volume excessivo das águas dos rios que cruzam seus limites. Até o presidente Jair Bolsonaro foi observar in loco os estragos.
 
Os rios, mostrados em fotos e vídeos nas redes sociais, causando um rastro de destruição, são o Yaco, em Sena, Acre, em Rio Branco, Juruá em Cruzeiro do Sul e Envira, em Feijó. Neste último caso até uma das praias mais lindas de águas doces do país desapareceu. Sena Madureira e Tarauacá – município de 35 mil habitantes – sofreram impacto maior. Na nova terra de Gleidson, Lucas e Ronilton, o Yaco chegou atingir marca superior a 18 metros, deixando mais de 400 pessoas desabrigadas. 
 
Morando na Rua Augusto Vasconcelos, no centro da cidade, Ronilton, um dos filhos “acreanos” de Dona Neide e  dos irmãos de Lidiane, da Construforma, ambas tomadas de apreensão por semanas, destaca ao Castanheira News que residem numa parte alta, não atingida pelas águas. “Ficamos, contudo, há 100 metros da enchente, chegando a viver três dias literalmente confinados, sem condições de sair”, observa. 
 
Para Ronilton os dias tem sido difíceis. Além acompanhar de perto a dor dos desabrigados, tem que estar atento aos perigos representados pela pandemia da Covid 19 e ao alto índice de dengue, que nesta época do ano também projeta o Acre,  constituindo-se em problemas que acentuam as angústias com a Covid e com a dengue, vivenciadas pelos familiares em Castanheira. “Minha mãe tem ligado todos os dias”, destaca Ronilton, observando que a preocupação maior, de momento, com o que acontece lá – as enchentes – pelo menos não assusta por aqui.
 
Entre os muitos cidadãos ligados a Castanheira que migraram para o Acre nos últimos tempos, além de Gleidson, Lucas e Ronilton – com suas esposas e alguns dos filhos (04) – estão a arquiteta Silene Sokolovicz e o agropecuarista Anatel Rios. Ela, mora na capital, Rio Branco, ele na pequenina Santa Rosa do Purus, na fronteira com o Peru. Todos têm em comum a necessidade de reinventar-se, de vez em quando, com as realidades sofríveis geradas pelo avanço das águas. Por enquanto, tanto lá quanto cá, lembrando o poeta Chorão, “uma boa notícia, faz falta no dia a dia”.