Um jovem pedindo socorro à beira da MT 170, na noite deste domingo, por volta das 23 horas, e a indiferença dos motoristas que passavam, pode, a primeira vista, ser um exemplo da omissão e falta de amor. O evento, contudo, levanta uma discussão sobre o medo de se oferecer ajuda. Trata-se de uma reação comum, influenciada por uma combinação de fatores emocionais, sociais e legais.
Gustavo Souza Bedoni, de 21 anos, se envolveu num acidente cada vez mais comum no trecho entre Juína e Castanheira, e que já carece, nessas alturas, de uma tomada de providência mais enérgica de parte das autoridades. Ele pilotava uma moto Titan ESD, quando se deparou com um bovino, no meio da pista, não tendo tempo para desviar. No choque, sua moto desceu uma ribanceira, caindo numa área de vegetação. Ferido, ao pedir ajuda, ninguém parou para constatar o que estaria ocorrendo.
Avisada de que um estranho estava na pista, nas imediações do Cruzeiro, uma guarnição da Policia Militar deslocou-se para o local, entendendo o que de fato ocorrera, realizando os procedimentos iniciais e informando o Corpo de Bombeiros, que esteve no local, ampliando o atendimento ao jovem ferido e retirando sua moto do meio da vegetação
Embora sejamos levados a lembrar do Bom Samaritano, que socorreu um judeu acidentado, numa estrada, em região de vários perigos, na realidade comum as pessoas geralmente tem medo por várias razões, entre elas as represálias legais por ações como o agravamento das lesões de uma vítima ao prestar ajuda, falta de preparo ou conhecimento e especialmente por segurança pessoal, pois existe o receio de que um acidente possa ser uma armadilha para assaltos.
Para superar esse medo e agir com responsabilidade, especialistas destacam a importância de se conhecer os direitos e deveres legais. No Brasil, prestar socorro é um dever legal e moral. Atitudes simples como ligar para os sérvios de emergência (190, 192 ou 193) já são consideradas cumprimento do dever de socorrer. Se parar para socorrer, é preciso pensar na segurança. Assim, é importante certificar-se se o local é seguro, litar o pisca-alerta do carro, utilizar o triângulo de sinalização e a manter distancia de riscos, como veículos em alta velocidade.
Duas outras ações recomendadas nos melhores manuais é chamar ajuda profissional, especialmente os serviços de emergência. Isso demonstra cuidado e responsabilidade. A empatia cumpre um papel relevante. E aí não tem como não fechar o assunto voltando ao Bom Samaritano. Uma ação de socorro pode salvar vidas. Ai é se colocar no lugar do jovem Gustavo, e imaginar como cada um gostaria de ser visto caso passasse pela mesma situação. Em suma, é preciso enfrentar o medo de socorrer com o equilíbrio entre cautela e solidariedade.
Vivaldo S. Melo - Foto Ilustrativa Canva.com
Vivaldo S. Melo - Foto Ilustrativa Canva.com