As chuvas intensas e prolongadas não estão causando apenas transtornos no meio ambiente, com reflexos em setores como do transporte. Um sinal de alerta está sendo emitido pelas autoridades sanitárias em relação ao aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue.
Segundo números disponibilizados pelo Ministério da Saúde, houve um aumento de 85,6% nas infecções pelo vírus em 2022. A situação é pior na região Centro Oeste, onde Castanheira integra, que teve um crescimento de 242% em relação ao ano passado. Até o momento, a região com média de mais de 600 casos por 100 mil habitantes.
Especialistas lembram que tivemos um clima favorável a dengue neste ano, com chuvas intensas e prolongadas. Além disto, quando o verão começou, no final de 2021, em várias regiões aconteceram tempestades relacionadas a fenômenos como o La Ninã e as mudanças climáticas.
Para o Aedes aegypti, as chuvas são sinônimo de água parada, local onde os ovos do mosquito eclodem e as larvas se desenvolvem até alcançarem a fase adulta.
"Geralmente, quando chega o mês de dezembro e começamos a notar uma grande concentração do Aedes, já dá para prever que março e abril vão ser ruins, com muitos casos de dengue", observa o infectologista Celso Granato, diretor do Fleury Medicina e Saúde.
Mas, na virada de 2021 para 2022, as projeções foram atrapalhadas por outras duas crises de saúde. Nessa mesma época, o Brasil enfrentou uma epidemia de influenza H3N2, que causou um aumento importante de casos de gripe, e o espalhamento da variante ômicron do coronavírus, por trás de recordes nos números de infecção.
Como não existe uma vacina aprovada contra a dengue, as ações preventivas mais efetivas envolvem eliminar os criadouros do mosquito transmissor — e o ideal é que esse trabalho se inicie em janeiro ou fevereiro, quando os ovos começam a eclodir.
"Com a pandemia, sobraram menos recursos para combater o Aedes", diz Granato.
Agora em abril, existem menos ações que podem ser feitas. "Resta apostar no fumacê, que ajuda a inibir o mosquito adulto", completa o infectologista.
Outra atitude importante é ampliar e reforçar os serviços públicos de saúde, para conseguir acolher os pacientes com complicações da dengue.
O boletim epidemiológico do Ministério da Saúde contabiliza neste ano 233 episódios de dengue grave e outros 2,8 mil com sinais de alarme. Até o momento, foram registradas 79 mortes pela doença.