Faleceu em Aquidauana, Mato Grosso do Sul, terra das locações da nova versão da novela Pantanal, o jornalista e artista Carlos Cabral. Um amigo dos tempos de minha vivência naquelas belíssimas terras. Para o jornal e Site O Pantaneiro fiz a homenagem que segue...
A educação, o jornalismo, a arte, a cultura e a política de Aquidauana perdem um capítulo importante a partir desta sexta-feira, 19, com a morte de Carlos Cabral. O seu bem fazer nestes setores, pelo dom de uma “inteligência divina”, como bem lembrou Selma Suleiman, torna o falar sobre Cabral algo muito fácil e muito difícil ao mesmo tempo.
A educação, o jornalismo, a arte, a cultura e a política de Aquidauana perdem um capítulo importante a partir desta sexta-feira, 19, com a morte de Carlos Cabral. O seu bem fazer nestes setores, pelo dom de uma “inteligência divina”, como bem lembrou Selma Suleiman, torna o falar sobre Cabral algo muito fácil e muito difícil ao mesmo tempo.
Muito se pode escrever sobre ele. Mas, por onde começar? O conheci num tempo de convulsões e muito trabalho. Compúnhamos a equipe de Fauzi, gestor ultradinâmico, nas fronteiras do jornalismo e da cultura. No meu caso específico as pressões eram permanentes, porque alguns, que talvez almejassem a função, entendiam que Vivaldo era um “paraquedista” no portal do pantanal. Logo, o prefeito em menção deveria prestigiar alguém da terra. Havia até um colega, de saudosa memória, que todos os dias desejava que o pastor – no caso eu – pegasse a mala e fosse embora de Aquidauana. Falava, abertamente, num programa de Rádio. Cabral, mesmo sem saber, era uma referência de apoio, pois embora gestor da cultura, era também jornalista e só o fato de estar junto criava motivações para que eu seguisse em frente.
Como cada um de seus conviventes tem alguma história pra contar ou alguma lição de vida para lembrar, neste dia de saudade, recordo de algumas ligações dizendo para cobrar mais da equipe. “Vivaldo, coloque esse povo pra trabalhar!”, dizia. Ora, chegávamos a produzir 10 textos no dia a dia da comunicação, referência impressionante por tratar-se de um município interiorano. Mas, este era o seu jeito de ser.
Gostava de dar seus pitacos e sempre era muito sincero em relação ao que pensava. Politicamente se identificava com bandeiras progressistas e imagino, vivendo nos últimos anos distantes dele, o quanto devia estar sofrendo com as radicalizações do tempo presente. Era tão engajado, que até poucas horas antes de partir para outra dimensão, onde presumimos já estar convivendo, de alguma forma, com Armandinho, Aládio e Sirnay e outros queridos que já se foram, postou textos em defesa da ética na política, uma de suas bandeiras.
Era combativo e determinado em defender o que julgava ser justo e verdadeiro, mas sem perder a doçura. Talvez tenha sido um dos melhores exemplos do “quem vê cara não vê coração”. Das lembranças coletivas, talvez fique o amor pela arte e pela cultura. Se fazia presente em todo cenário de produção. Se um evento da agenda do município fosse esvaziado, tendo uma ou outra pessoa apenas, Cabral era uma delas.
O que fez, especialmente em muitas telas, com a marca característica das muitas cores, e escreveu, de forma sábia e pontual, como referenciou o prefeito Odilon, vai eternizar seu nome. E mesmo que não tivesse trilhado esses caminhos, ficaria a lembrança de alguém que lutou, enquanto viveu, por um mundo melhor. Nos faz lembrar Bertolt Brecht: “há aqueles que lutam um dia, e por isto são bons; há aqueles que lutam muitos dias, e por isto são muito bons. Há aqueles que lutam anos, e são melhores ainda; porém há aqueles que lutam toda a vida, esses são imprescindíveis”.
Vivaldo S. Melo – Castanheira MT