Crime em Colniza: Os gritos de uma mulher e a banalização da vida

RESUMO DA NOTÍCIA

Polarizações políticas inviabilizam um debate isento e responsável, mas a banalização da vida precisa ser questionada.
A reprodução nas redes sociais de um vídeo, registrando os gritos de uma mulher – Ângela Rocha Pereira – clamando pela vida quando era agredida e esfaqueada, em Colniza MT, provavelmente por seu esposo, e o destino de seu corpo, sendo jogado e incendiado no lixão da cidade, reforça um tema pouco discutido, especialmente no seio de instituições que devem zelar pela vida, que é a banalização desta vida. 

Vivemos tempos de polarizações extremas, movidas por defensores do que se convencionou chamar “direita” e “esquerda” e suas várias vertentes, como as de seus extremos. Qualquer possibilidade de um debate civilizado torna-se inviável, porque os vários interesses envolvidos e as preferências pessoais por homens mortais, todos eles com defeitos, quase sempre ignorados por conta das paixões geradas por esses vínculos, torna-se inviável. Até por isto, ações como o avanço da violência e o pior a conivência com ela, com medidas de combate no máximo paliativas, tendem a aumentar.

Embora não signifique que a opinião, a seguir, reflita o pensamento completo do Site Castanheira News sobre o tema, mas por julgá-lo importante como meio de reflexão pelos homens de bem, reproduzimos o texto “a banalização da vida humana”. Certamente é uma tímida contribuição numa luta que alguns tem encabeçado, é verdade, correndo o risco permanente de serem alvos dos próprios agentes desta violência que eles combatem. 

Nos dias atuais a banalização da vida humana é uma realidade. Crimes brutais têm se tornado frequentes por motivos irrisórios como dívidas, intolerância, impaciência e raiva generalizada. A razão para essa falta de bom senso, civilidade e humanidade, decorre das pessoas terem ciência de que no Brasil atitudes ilícitas nem sempre são tratadas com o rigor que merecem. 

Tal situação torna o ser humano frívolo e apático com relação à vida. No trânsito, por exemplo, uma simples imprudência pode acarretar perda de vidas, e apesar de tal atitude e consequência se repetirem com frequência algumas pessoas continuam a praticá-la. 

Todavia, o Estado e suas instituições deveriam conter estas atrocidades avidamente o que nem sempre ocorre de fato. Igualmente, a justiça tem se tornado, na maioria dos casos cada vez mais tardia. Novas leis ou leis mais severas têm sido instituídas a fim de se amenizar a forma descartável e materialista com que a existência humana e o fim dela vêm sendo ministradas pela sociedade. 

A assiduidade dos atentados contra a vida humana torna o homem indolente perante o valor da vida do próximo e o impede de pensar no bem-estar coletivo. Por óbvio, o que falta no mundo moderno são valores morais, educação, cultura e respeito a fim de que o estopim para insanidade homicida de um cidadão não seja a derrota do seu time em um campeonato de futebol ou o fim de um relacionamento. Logo, a vida humana perde o seu valor hodiernamente, pela impunidade e reiteradas falhas na Justiça. Além disso, como afirma a colunista Lya Luft “O verniz de civilidade que nos cobre é cada vez mais tênue”. 

É cediço que a grande questão que paira sobre o povo brasileiro é de como o Estado, no ápice da hipocrisia garante a vida humana quando a menospreza em hospitais públicos e delegacias. O estado atual de apatia perante a perda de vidas precisa ser modificado, através de novas posturas do ente estatal, que gradualmente refletiriam nas ações da população. Por iguais razões, diga-se que o direito à vida é reconhecido pela sociedade e pelo Estado, e o grande desafio é respeitá-la e vivê-la da melhor maneira possível sem lesar ou suprimir a vida do próximo.

Hebert Mendes de Araújo Schütz, professor no curso de Direito da UFMS – Campus de Três Lagoas - e Lívia Zanholo Santos, acadêmica de Direito

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