Semana se encerra com triste perda para a Igreja Presbiteriana do Brasil

RESUMO DA NOTÍCIA

Missionária atuante em Senegal morre de Covid, mas deixa uma história que será lida por muitas gerações. Seu esposo, Reverendo Gerson, e o Reverendo Vivaldo, de Castanheira, foram da mesma Igreja em Dourados, MS.
A imagem do Reverendo Gerson Troquez, no Cemitério católico de Dakar, onde também pode ser enterrados protestantes, abraçado ao caixão da esposa, missionária Marília Troquez, num último adeus - que para os cristãos significa um "até breve" -  foi talvez a imagem mais triste dos últimos tempos a circular entre os presbiterianos.

Depois de longo sofrimento, causado pelo coronavírus, o que motivou mobilização em preces em todo o país e além dele, Marilia, que há muitos anos atuava com o esposo no trabalho missionário no Senegal, na África Ocidental, não conseguiu resistir, vindo a óbito na última quinta feira.

“Eu nunca pensei na vida que um dia teria de dar esta notícia. O Senhor deu a Marilia para nós e o Senhor a tomou. Bendito seja o Nome do Senhor. Sinto muito a perda dela, por mim e por todos os mais que a amavam e oravam por sua recuperação. Sinto muito mesmo. Que o Senhor console nossos corações", lamentou Gerson.

Um pouco da história



O próprio Gerson, a pedido de informações de várias igrejas para fazerem registro da bonita história do casal de missionários, encontrou forças para fazê-lo. 

Marilia Checco de Souza Troquez nasceu aos 10 de outubro de 1971 em São Paulo, SP e viveu, a partir dos 4 anos, em Sertanópolis, Paraná

Costumava lembrar que fez o curso de Enfermagem, em Londrina, também no Paraná, com o propósito de ingressar na obra missionária, tendo como primeiro campo a Missão Evangélica Caiuás, em Dourados, MS, que trabalha entre os índios, especialmente desta etnia. 

Os que concebem a vida como um projeto de Deus e entendem que tudo ocorre dentro dos seus propósitos, entendem que sua presença na missão que sempre lembrará entre os presbiterianos, o nome da saudosa Loide Bonfim, tinha o propósito também de conhecer o seu companheiro de uma jornada além de terras brasileiras, trabalhando justo no Hospital onde ele nascera, cinco décadas antes. 

O Reverendo Gerson, filho do Reverendo Benedicto Troquez, da IPI, Igreja Presbiteriana Independente, na época vice diretor daquela missão (hoje aposentado), embora pastoreando uma igreja local, a Igreja Presbiteriana Filadelfia (da IPB), por conta de sua vivência numa família com viés missionário, já sonhava com missões.

Um ano após se conhecerem – em 1998 – se casaram. Depois de uma experiência de 4 anos na própria Missão Caiuás, e de um tempo de preparação para o trabalho missionário, dez anos depois, no dia 8 de setembro, partiram para o Senegal.

Duas casas

O amor de Gerson e Marília por aquele país africano cresceu tanto nos últimos anos, que costumavam chama-lo de “nossa casa”.  Como também chamavam o Brasil de “nossa casa”, desenvolveram uma brincadeira, a cada viagem: “Estamos deixando nossa casa e vamos para nossa casa!”.

Vidas tocadas

Em seu relato, Gerson lembra o tanto de vidas que foram tocadas, no Senegal, pelo trabalho carinhoso e atencioso de Marília. Sua história terrena, contudo, encerrada aos 49 anos, continuará tocando vidas com a mensagem que foi a essência de sua fé: o amor de Deus, revelado em Cristo, como único caminho que pode conduzir a eternidade. 

Sepultamento



Sobre o local de sepultamento da esposa, o também carinhoso e atencioso pastor destaca que sempre que passavam diante do Cemitério, em Dakar, costumavam observar que ali podia ser o lugar onde poderiam ser colocados. 

Até por conta da Covid e das dificuldades de traslado para o Brasil, Marilia foi sepultada lá, algo comum a muitos missionários, que pedem para descerem à sepultura, de onde levantarão na ressurreição, segundo sua fé, no lugar onde Deus desejou que vivessem para anunciar as boas novas do evangelho.

Em Castanheira

A Igreja Presbiteriana Nova Canaã, em Castanheira, sempre acompanhou o trabalho missionário do casal. Gerson foi enviado para o Seminário pela mesma Igreja de Dourados que enviou o Reverendo Vivaldo S. Melo. Este, já no ministério, pastoreou um dos irmãos do Reverendo Gerson e costumava colocar na escala de trabalho da Igreja Presbiteriana Ebenezer, em Dourados, como convidado, seu pai,  Reverendo Benedicto Troquez.