Enquanto muitos fazem vistas grossas às questões ambientais, a lenta agonia da natureza tem apresentado reflexos mais intensos neste ano. O tempo “enuviado” como alguns costumam dizer, as águas minguadas do Rio 7 de Setembro, dificultando o abastecimento de água, a baixa umidade relativa do ar e as temperaturas elevadas, são alguns indícios, em Castanheira e país afora, desta realidade quase sempre ignorada pelos interesses econômicos e políticos envolvidos.
Com este quadro, aqueles que olham para além deste cenário tem alertado sobre o perigo de focos de incêndios. Em Castanheira, um de grandes proporções, já aconteceu, nas margens da Rua Marechal Rondon, no Bairro Santo Antônio, levando fuligem a vários pontos da cidade, além de colocar em risco a saúde de uma parcela da população, incluindo os idosos.
A atual temporada de incêndios tem feito estragos em alguns pontos do Estado, especialmente na Área de Proteção Ambiental (APA), perto do Parque Nacional da Chamada dos Guimarães, onde mais de 4 mil hectares já foram consumidos pelo fogo e a terra arte há quase uma semana.
Enquanto combate o fogo por lá, as preocupações voltam-se, novamente, para a região pantaneira de Mato Grosso. No espaço deste bioma no Estado vizinho, Mato Grosso do Suo, mais de 261 mil hectares já foram afetados por um grande incêndio, na região de Corumbá. Os números estão longe dos mais de 1 milhão atingidos em 2020, mas sinalizam com preocupação, pela riqueza que o bioma representa para os dois Estados.
Dos cenários devastadores, em várias regiões do país, os incêndios na Mata Atlântica, bioma onde vivem 72% dos brasileiros, também chamam a atenção, especialmente pela morte de muitos animais, alguns de espécies em extinção. Segundo o Inpe, que não contabiliza o total de áreas queimadas, 10.268 focos foram registrados até 22 de agosto, superando os 9.668 focos de 2020, com aumento de 6,20%.
Quadro crítico aumenta nos principais biomas
Outra notícia ruim é que pelo menos os focos de incêndio tem aumentado em vários biomas do país neste ano. Além da Mata Atlântica, houve aumento de focos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas espaciais, nos cerrados (24.205 no período em 2020 e 27.001 em 2021, o que representa 11,55%) e na caatinga (1.643 focos em 2020 e 3.298 em 2021, o que representa um aumento de mais de 100%).
Como explicar é preciso, o fogo deste ano é resultado daquilo que especialistas chamam de “tempestade perfeita”: crise hídrica – a maior em 91 anos -, frio intenso, que causou geada e deixou a vegetação queimada e ainda mais seca, e a irresponsabilidade humana em alguns casos, “riscando o fósforo”. No caso do Pantanal, um acréscimo: nas regiões menos atingidas pelas queimadas do ano passado, o acúmulo de material orgânico favorece o surgimento de incêndios de grandes proporções.
Boa notícia?
Nesta quinta e sexta feira, o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), prevê uma boa notícia para algumas regiões envoltas em alguns destes cenários, como a região da Chapada dos Guimarães. É possível que uma frente fria supere a massa de ar quente e seco, provocando chuvas e refrescando a temperatura. A ajuda dos céus, porém, é pontual. Dificilmente chegará a Castanheira. Mas, não custa crer.