Em agosto de 2000, no trabalho para a academia “Formação Histórico-Social do Município de Castanheira", exigido pelo Núcleo de Educação Aberta e a Distância (NEAD), da Universidade Federal de Mato Grosso, as professoras Jocirema Aparecida Lopes Nascimento Serafim, Maria Izabel Perdoncini Lisandro, Rozelei Maria Pilegi e Zenaide Mendes da Silva, fizeram uma entrevista histórica com o desbravador Marciano Amâncio Nunes.
Em um dos momentos mais interessantes da entrevista, como que desse uma pausa na citação de vários pioneiros, Marciano, conhecido como Piauí, que chegou a Castanheira por volta de 1976, quando nada ainda existia no futuro distrito e município, conta um pouco da história de Carlos Ferreira. “Era uma figura lendária, um verdadeiro aventureiro”.
Segundo Piauí, Carlos Ferreira chegou a região na década de 70 do século passado, com um padre de Santa Catarina. Depois de descer o Rio do Sangue, fixou-se numa ilha do Rio Juruena, em território Rikbatksa e adaptou-se a vida indígena. “Não usava roupas e seguia o ritmo da cultura”. Ao referir-se ao final desta história, que quase resultou em tragédia, Piauí declara que Carlos Ferreira, contudo, “não deixou de utilizar a política do dominante e do dominado”.
Depois de indispor-se com os índios, foi expulso pelo Conselho Indígena. Na casa onde morava, num porão, havia muitos armamentos. Os índios ordenaram que a família entrasse num barco, atearam fogo em tudo e com o material existente no local houve uma grande explosão.
Carlos Ferreira teria subido o Rio Juruena, entrado no Rio Vermelho, e residido às suas margens até 1998, quando foi embora. O destino: o Estado do Pará.
Revista
Esse e outros “causos” estão em destaque na revista Innovare News, que deve circular em outubro, com narrativas sobre o começo do povoamento na região. O texto “Piauí: uma entrevista para a história” faz justiça a muitos personagens as vezes esquecidos nas narrativas históricas, por serem secundários, mas que deixaram suas marcas na construção do município.