E lá se vão 7 anos. Em agosto de 2014, Gilson Gabardo Nenevê, ao lado do colega Moacir Martins da Mota, contribuíram na construção de um texto, na Revista Innovare, relatando o cotidiano dos taxistas de Castanheira e a rotina diária de transportar cidadãos do município para Juína, muitos que lá trabalham. Gilson faleceu em 23 de maio de 2021, vitimado pela Covid.
O texto destacava que, dos taxistas na ativa naquele ano, apenas Gilson e Mota fizeram as primeiras rotas, entre 2010 e 2011. Na reportagem, em dado momento, responderam às perguntas mais curiosas que alguns costumam fazer: “O dia de melhor fluxo de passageiros? Segunda! Gostam da profissão? Sim! Financeiramente compensa? Idem!”
Ambos compartilharam a maior dificuldade que enfrentaram neste trabalho de idas e vindas a Juína, de duas a quatro vezes por dia, a partir de um ponto na Avenida 04 de Julho. Mota falou da concorrência com clandestinos, reivindicando, na época, melhor fiscalização e transparência. Gilson, falou de algo comum a todos os mortais: não agradar a todos. Destacou também o perigo dos buracos e de animais na pista.
Sobre experiências diferenciadas nos trajetos, Gilson foi mais genérico, citando o que cada passageiro acrescenta a partir das inevitáveis prosas. Naqueles dias (abril de 2014) os conteúdos dominantes foram os roubos na cidade e a crise no campo.
Mota destacou um momento tenso e traumático. Foi em outubro de 2012, quando por volta das 19 horas recebeu uma ligação, solicitando que fosse buscar, às 21 horas, quatro pessoas que estariam numa Fazenda nas proximidades de Castanheira. No horário combinado, já na região da propriedade, ao tentar abrir uma porteira, foi surpreendido por um tiro de espingarda, que lhe atingiu o ombro, peito e pescoço. Temendo por sua vida, revidou, pois estava armado, conseguindo sair do local em meio a saraivadas de balas.
Como um dos momentos mais gratificantes do dia de um trabalhador é quando se encerram as lidas e pode voltar para casa, Gilson, naquele ano, tinha a compensação de desfrutar da companhia da esposa, Clair, compartilhando, em meio as prosas sobre as novidades, seu chimarrão e a “jantinha”, com o toque saboroso dos Nenevês. Ela também faleceu, em 09 de agosto de 2020, sendo uma das primeiras vítimas da Covid 19 como fator determinante em Castanheira.