Zilda Stanguerlin: Fatos e Fotos de uma grande história

RESUMO DA NOTÍCIA

38 anos de presença em Castanheira e muitas histórias. Zilda Stanguerlin deixa um legado extraordinário.
Zilda de Bona Sartor Stangherlin ou simplesmente “Dona Zilda” está presente em vários capítulos da história de Castanheira, sendo um bom exemplo da força que a mulher tem no município. 

Chegou nas terras que estavam sendo desbravadas no noroeste do Estado, no bojo de um projeto denominado Polo Amazônia, depois de seguir uma rota que começou em Lajes, SC, onde nasceu, São Lourenço do Oeste, também em terras catarinenses, onde viveu 12 anos, e Cuiabá, já no Mato Grosso, paragem de apenas dois anos.

No seio da família, porém, a região já era alvo de atenção desde 1972, quando seu esposo, Antonio Stangherlin, e o cunhado, Elizeu Rezzieri, fizeram um sobrevoo, surgindo o tal do “amor à primeira vista”. 

O desembarque, com o esposo e os filhos Marco Antônio, com 9 anos, e André Luis, com 3 anos, se deu após seguir o roteiro comum da época, a partir da atual ponte sobre o Rio Juruena, na hoje MT 170, até Fontanillas, na Balsa de Elizeu Rezzieri, que já tinha se estabelecido no lugar, e de lá por terra até o destino final. 

O incentivo 

Dona Zilda destaca que, além do sonho de uma vida melhor para a família, num novo lugar, a decisão de deslocar-se para a Amazônia mato-grossense, num pequeno povoado, onde o número de casas ainda se contava nos dedos, teve relação com um convite do cunhado, para montar um Supermercado.

Os Rezzieri já tinham tradição no ramo, com alguns estabelecimentos em Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, neste caso em São Gabriel do Oeste

Com a facilidade dos caminhões da madeireira transportarem produtos, na volta das muitas viagens que faziam levando madeira para vários centros do país, o negócio era interessante e o desafio foi aceito. Surgiria o Casul Supermercado, espaço de compras até de juinenses.

Também somou positivamente a movimentação que era intensa no futuro distrito e município, por conta da força do setor madeireiro. “Ônibus chegavam de fora, o tempo todo, com pessoas determinadas a trabalhar, especialmente na Rezzieri, maior empregadora no início dos anos 80, pois não havia mão de obra local suficiente”, lembra. 

No distrito

Na medida em que o povoado ganhava contornos maiores, internamente muitos se mobilizaram para constituí-lo distrito. Em 1984 ele foi criado, por indicação do vereador Gadani,  na Câmara de Juína, que nesta altura já era município. 

A gestão das questões locais era feita por uma Associação Comunitária, presidida por Zilda e com a participação de várias pessoas da comunidade, entre elas Jorge Basílio, hoje referência do agronegócio regional e a época ligado Madeireira Victória Régia, e o saudoso Ildefonso Leitner.

Várias conquistas surgiram como resultado do empenho deste órgão, entre elas a criação da Exatoria e de um posto da SUCAM e a própria emancipação, que aconteceria em 04 de julho de 1988, mediante esforços do ex deputado Hilton Campos e do apoio do ex governador Carlos Bezerra.

No município

Criado o município, o grande assunto das rodas de conversas era as eleições. E o nome de Zilda entrou na pauta. 

No âmbito de seu partido, o PMDB, João Brasil, que faria parte do primeiro grupo de vereadores e morreria no começo de mandato, logo falou em Zilda. Esta, por seu turno, pensou em Aldo Zonta. E Aldo, reforçou o nome de Zilda, dizendo que preferia concorrer a vereador. Nesta condição, foi o primeiro mais votado da história do município, com 382 votos.

“Sempre gostei muito de política, mas nunca tinha me envolvido, e diante do desejo do partido, aceitei concorrer”, lembra. O Pleito foi disputado por ela, Jorge Basílio, pelo PFL, e Domingos Zanuto, pelo PT. “Achei que não ia ganhar”, destaca. Mas, ganhou.

Primeiro desafio

Como o propósito maior do projeto “Castanheira: Fragmentos de uma História” é destacar começos, Zilda, ao ser perguntada sobre o primeiro desafio da primeira gestão administrativa de Castanheira, é categórica: “Trazer energia elétrica para a cidade”, então servida por três motores disponibilizados pelo governo do Estado.

Para dimensionar a grandiosidade do seu desafio lembra que o novo município não tinha uma máquina. “Nem carrinho de mão”, diz entre risos. 

Ao longo de quase uma década que precedeu a condição de município, Castanheira foi servida por iniciativas de empresários do setor madeireiro. Seu cunhado, Elizeu, por exemplo, abria e mantinha estradas e disponibilizava o serviço de balsa, meios de transporte que beneficiavam  até outros municípios. 

Hoje

Ao lado do esposo Antônio, na residência que mantém lembranças dos tempos áureos das madeireiras, com portas e janelas de madeira, na Rua Vanderlei Vicente, no Bairro Noga, esta aguerrida mulher sempre tem uma boa história para contar dos 38 anos já vividos em Castanheira.

E não pode ser diferente para alguém que foi prefeita duas vezes – em 1996 voltou a vencer as eleições – e antes disto já tinha dirigido o órgão que desempenhava o mesmo papel de gestão, a histórica Associação Comunitária, além de uma atuação marcante, mais recente, como Secretária de Assistência Social do município, além de estar à frente de outros desafios, como comandar o primeiro grande supermercado de Castanheira. 

Para fechar, pedimos um destaque que nem sempre é citado nas muitas lembranças que seu nome desperta. Aproveitando a visita do filho, Marco Antônio, que como André Luis hoje reside em Cuiabá, lembra que ele foi o primeiro aluno da Escola Maria Quitéria a se formar num curso superior, o de engenharia, na Universidade Federal de Mato Grosso