Segundo uma lenda antiga, um jovem propôs um enigma para um velho sábio, que morava em uma aldeia, que tinha respostas para todos os problemas que lhe eram apresentados.
O jovem, em sua sagacidade, achou que poderia colocar o legendário ancião numa enrascada. Assim, aproximou-se e disse: “Em tenho em minhas mãos um pássaro. Ele está vivo ou morto?”
Em sua mente o jovem já havia estruturado uma estratégia. Se o ancião dissesse que o pássaro estava morto, ele abriria a mão e o pássaro sairia voando. Em contrário, apertaria o pássaro, até mata-lo. De qualquer forma, o sábio estaria em apuros. Este, contudo, deu uma resposta surpreendente: “O pássaro em suas mãos tanto pode estar vivo, como morto. Depende de você!”.
Pensando neste episódio, lembrei-me do que a Bíblia declara sobre uma prática que no cotidiano humano pode gerar vida ou morte. Não no sentido físico, mas nos relacionamentos. Trata-se do uso que fazemos da língua. “A morte e a vida estão no poder da língua”, registrou Salomão, em Provérbios 18.21.
O tema é oportuníssimo a propósito de um tempo, o nosso tempo, em que palavras, declarações, conceitos, emitidos distorcidos, errados, impróprios, são usados de tal forma, que tem colocado no topo uma expressão: fake news. E o pior, em muitos casos pessoas que usam o nome de Deus fomentam o processo.
Precisamos voltar no tempo e ouvir o escritor bíblico Tiago, que em sua epístola, ao falar da língua, entre outros conceitos emitidos, destaca que “devemos ser tardios para falar”. Certamente ele tinha em mente que a palavra precedida do pensar e verbalizada sem ira (ele diz também que “devemos ser tardios em nos irar”), dificilmente produzirá danos.
Ainda me referenciando pela Bíblia, este muito pensar, precedendo o falar, certamente, em se tratando de pessoas cristãs, que sabem que o mandamento que move as relações pessoais deve ser o amor, buscará a verdade. No evangelho de João, capítulo 8.32, lemos: “conhecereis a verdade e a verdade nos libertará”.
Antigamente costumavam dizer que devemos pensar até 10 (ou mais) antes de falar alguma coisa. Num ano que promete embates lamentáveis por conta do cenário político, essas referencias deveriam ser consideradas pelos homens de bem, independentemente de terem a bíblia como referência ou não e de se posicionarem a direita, a esquerda ou ao centro da militância ou participação política. São conceitos universais, referenciados na sabedoria do velho sábio.
Vivaldo S. Melo
Vivaldo S. Melo