A volta as aulas em Castanheira e o dilema dos profissionais da educação

RESUMO DA NOTÍCIA

O "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come" cabe muito bem na realidade dos professores, hoje. Saiba porquê...
Como já informado, o Plano de Retorno às Aulas, da Secretaria Municipal de Educação de Castanheira foi aprovado pela Promotoria. 

É certo, como em outros lugares, que a maioria dos pais não quer o retorno de seus filhos ao modelo presencial, até pelas incertezas, de momento, em relação ao coronavírus, causador, além do mal que já traz com quadros de enfermidade desgastantes e mortes, de muitas tensões no cotidiano das pessoas. 

Uma delas, tem relação exatamente com o retorno de aulas presenciais, definido por decreto. Ora, na prática se sabe que as coisas quase nunca funcionam por decreto. Temos exemplos fartos na própria pandemia. Mas, os termos da lei que definiu a educação como essencial – como se nunca tivesse sido! – são tão impositivos, que a “a não obediência” dos gestores pode resultar “até em prisão”.

A maior crítica à ordem para que os alunos voltem, presencialmente às escolas, é a não imunização daqueles que estarão à frente do processo, lidando com um público onde a presença do vírus muitas vezes nem é detectada, o que torna o cenário ainda mais sombrio.

Como certamente as manifestações pelo “contra a medida”, em Castanheira, não são diferentes de outros lugares, é preciso que todos se lembrem do constrangimento dos professores e de todos os profissionais da educação. Já se indignaram, argumentaram, mas a maioria decidiu assim, na Assembleia Legislativa.  Muitos até sem citar pelo menos a possibilidade de vacinar os agentes do processo. 

É possível que por detrás da decisão, esteja um pensamento corrente, entre extremistas políticos, de que professor é folgado, não quer trabalhar e está gostando da realidade de momento. Oras, é certo que, como em qualquer grupo humano, existem um e outro que não honra a classe. Ou seja, existem professores e professores. Mas, daí, generalizar, é cometer uma grande injustiça.

Concluindo, de repente essa discussão até seja desnecessária, pois existe a possibilidade de nem o percentual de 30%, exigido pela Lei nº 11.367 ser atingido. Os que gerem o ensino ainda vão tentar conversar com os pais sobre o cenário, se submetendo a um dilema ético, pois não poderão, lá no íntimo, negar o que pensam sobre o tema.  Mas, eles tem que cumprir ordens de superiores, muitos dos quais sem a menor sensibilidade para a relevância da vida.

Uma vez que a volta é inevitável, pelo menos no momento, não sendo culpa da Secretaria da Educação, que deve se submeter a lei sancionada pelo governador do Estado, resta torcer para que todos respeitem as normas de biossegurança definidas para esta volta, com base em protocolo da pandemia, algo que, numa cultura como a nossa, é altamente questionável. Mas, é preciso acreditar!

Em tempo: Os profissionais da educação nunca trabalharam tanto como nesses temos de pandemia. Tem que se reinventar, todos os dias. Mereciam pelo menos um pouco mais de respeito da parte de alguns. 

Vivaldo S. Melo