Suicídio: "Mulheres tentam muito mais do que os homens", diz Rose Nenevê em texto para o Innovare News

Em artigo para o Innovare News, a psicóloga Rose Nenevê discorre sobre um dos temas mais sensíveis dos tempos atuais, o suicídio, indicando respostas para algumas das perguntas mais frequentes.

Suicídio 

Segundo algumas pesquisas, de 10 pessoas que possuem pensamento suicida, 08 cometem suicídio, e de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em torno de 3 mil pessoas por dia cometem suicídio no mundo.

Causas que fazem uma pessoa cometer suicídio.

A Solidão é uma das queixas mais recorrentes na tentativa de suicídio é a solidão. O sentimento de isolamento, de uma angústia profunda por se sentir sozinho, de que ninguém vai compreendê-lo e julgá-lo, de que não aguentam mais e estão cansados, são exemplos de falas dessas pessoas. O silêncio funciona como uma “máscara” que encoberta a dor profunda e a vergonha sentidas.
 
É possível que a pessoa mesmo rodeada de amigos se sinta solitária. É sempre bom ficar atento aos sinais de isolamento, como baixa auto-estima, tristeza, perda de apetite, desânimo e apatia. A solidão é um sentimento que, caso se torne contínuo na vida da pessoa, pode virar uma doença como a depressão.

A Depressão com conseqüência mais desastrosa da depressão é o suicídio. Das 30 mil pessoas que morrem por suicídio nos Estados Unidos a cada ano, por exemplo, a maioria está sofrendo de depressão. Entretanto, já que as mortes por suicídio nem sempre são notificadas (devido ao estigma e ao fato de que muitas mortes acidentais provavelmente são suicídio), o número real ao ano pode chegar a 50 mil.
 
Na depressão, a pessoa se isola, chora muito, fica irritadiça, não sente mais prazer nas atividades que antes lhe agradavam, prefere não falar sobre seus sentimentos, não confia em ninguém e tem pensamentos suicidas.

Com a presença de outras doenças ou má saúde algumas doenças que deixam as pessoas impossibilitadas de alguma forma física, como andar, falar, ouvir, etc, ou, por exemplo, outras doenças como HIV, câncer, uma doença terminal ou transtornos mentais (esquizofrenia, depressão, bipolaridade, distúrbios da ansiedade e a personalidade, bulimia e anorexia, etc), podem contribuir para uma maior desorganização ou desconforto emocional, uma vez que, por essas pessoas acharem que tem uma doença incurável, ficam sem esperanças.
 
Essas pessoas não conseguem pensar em soluções e lidar com os obstáculos que surgem, sentem-se incapacitadas física e psicologicamente, desesperadas e intoleráveis. O risco de suicídio em pessoas que possuem esquizofrenia, por exemplo, é de 4 a 10%, já que elas podem estar em um estado fora da realidade, ter crises psicóticas e delírio de perseguição.

Os problemas conjugais e de relacionamento e as brigas recorrentes com os pais e falta de amparo deles, término de um relacionamento, discussões frequentes com o (a) parceiro (a), divórcio e separação podem levar uma pessoa ao suicídio. Um exemplo seria o de uma mulher que toma uma superdosagem de sonífero quando seu esposo ou amante ameaça deixá-la.

Na maioria das vezes, para estas pessoas, uma relação em que se investiu tempo e toda uma carga emocional é difícil de ser desfeita. A separação ou discussões constantes levam à tristeza e depressão, elevando o risco para cometerem suicídio.

As dificuldades financeiras ou profissionais, problemas no trabalho, desemprego e perda do status socioeconômico são outros riscos para o suicídio. A riqueza e o poder são volúveis e instáveis, e a qualquer momento estamos sujeitos a perder dinheiro, um emprego e a riqueza que existia antes.

Atualmente, com o aumento do desemprego e a crise econômica, o suicídio parece para muitos ser à única saída possível, que acaba por desencadear solidão, perda de apoio social, crises familiares e sensação de impotência, agravando assim tendências autodestrutivas, abuso de álcool e outras drogas e transtornos mentais, como ansiedade e depressão.

Já o Bullying, Atualmente muito se tem falado sobre a relação de bullying e suicídio. Casos ocorridos com crianças e adolescentes que sofreram violência física e/ou psicológica por um grupo de indivíduos na escola, no bairro ou outro local e cometem suicídio tem aumentado.

Diante do bullying, a pessoa passa a ter ansiedade, depressão e pânico. E em certos casos, até a utilizar álcool e outras drogas. Seu medo é constante por sofrer ou tentar evitar esses atos de violência, levando à tristeza e pressão por receio de contar aos familiares e amigos seu sofrimento.

Problemas na adolescência e início da vida adulta tem a taxa de suicídio entre adolescentes e jovens adultos tem aumentando. A incidência de suicídio entre jovens de 15 a 24 anos quadriplicou durante as últimas quatro décadas. Adolescentes suicidas tendem a abandonar os estudos ou a ter problemas de comportamento na escola, embora alguns sejam estudantes talentosos que se sentem pressionados para serem perfeitos e os melhores da turma.

Parte inferior do formAlgumas pesquisas mostram em estudantes do último do ensino médio mostraram que 27% disseram pensar seriamente em se matar. Os universitários têm duas vezes mais chances de se matar do que os que não estão na universidade de mesma idade, pois, segundo alguns estudos, são mais mal-humorados, exigem mais de si mesmos e se deprimem com mais frequência do que seus colegas não-suicidas.
 
Dentre os motivos para o suicídio entre eles estão: solidão, viver longe de casa pela primeira vez (no caso de irem morar em repúblicas), receber pouco afeto parental, ter pais alcoólatras, pais divorciados ou separados, enfrentar novos problemas, tentar se sobressair academicamente quando a competição é muito mais forte do que no ensino médio, indecisões quanto à escolha da profissão, solidão causada pela ausência dos velhos amigos e ansiedade em relação aos novos.

No luto ou perdas afetivas, com a Perda de um familiar querido (pais, irmãos, cônjuge, filhos) muitas vezes faz certas pessoas cometerem suicídio. Elas acham que podem ter perdido sua única fonte de apoio. Isso acontece muito com idosos que perdem seu parceiro, sua única companhia e de quem cuidava ou era cuidado.
 
Perder alguém importante é deixar uma lacuna vazia em nossas vidas, uma pessoa que não estará mais presente. Mas para muitas pessoas é comum pensar em cessar a vida, uma vez que está presenciando prejuízo funcional, preocupação mórbida com desvalorização de si, ideação suicida, e até sintomas psicóticos e retardo motor.

Estudos mostram que o Abuso de drogas que pessoas que cometeram suicídio quase 60% usam de drogas e 84% de álcool e outras drogas. O abuso de drogas faz com que estas pessoas fiquem deprimidas e se matem ou elas recorrem às drogas como uma forma de lidar com a depressão e se matam quando as drogas já não ajudam mais.
 
Porém, em muitos casos, o abuso de drogas parece ter aparecido antes de problemas psicológicos. Jovens, com menos de 30 anos, usuários de drogas que cometem suicídio tem uma frequência maior do que a prevista de conflitos interpessoais intensos ou de perda de um cônjuge ou parceiro nas semanas que antecedem o suicídio.

A timidez pode parecer impossível alguém tímido pensar em suicídio. Porém, a timidez é um dos fatores de risco para uma pessoa cometer suicídio. Mas não se trata aqui da timidez normal e sim da patológica, conhecida pelos profissionais de saúde mental como Transtorno de Ansiedade Social.
 
Esta timidez patológica limita a vida profissional, social e afetiva. Há um desconforto e inibição que estas pessoas apresentam em seus comportamentos, como: medo intenso, desproporcional e sem motivo aparente; círculo de amizades restrito; evita tudo que é novo; tem rotina rígida; e sente grande necessidade de aprovação dos outros. E tudo isso afeta o prazer de viver, acabando por pensar em suicídio para escapar e não saber como ultrapassar estes obstáculos.

As mulheres tentam suicídio em média três vezes mais do que os homens, provavelmente por isso estar relacionado com a maior incidência de depressão entre elas, que cortam os pulsos ou tomam uma superdosagem de medicamentos, drogas ou veneno.

Porém, às vezes, os homens têm mais êxito em se matar do que as mulheres, que está relacionado com o método escolhido, sendo mais inclinados a utilizar armas de fogo, gases de combustão ou enforcamento.

Os dois momentos mais procurados para suicido são domingo de noite e segunda de manhã. São justamente aqueles horários em que o sofrimento mental e emocional são maiores, pois nos preparamos para retomar a vida, ir trabalhar ou estudar.

A família também precisa de apoio deve ser acolhida pela equipe de saúde e que, muitas vezes, a melhor opção é a internação da pessoa com tendências suicidas, porque os familiares não podem se responsabilizar por todo o apoio e vigilância que essa pessoa precisa.
Outro ponto é o cuidado com a família sobrevivente, quando o suicídio acontece. “Apesar de inadequados, a culpa e o constrangimento são muito grandes”, conta a psiquiatra. Os sentimentos são descabidos, porque a família não causou a morte, apesar de ser comum nesses momentos que se busquem explicações, e também porque muitos não entendem que o suicídio é uma doença mental e o encaram como um desvio moral. A tentativa de suicídio é um grito por socorro. Ela é motivada pelo desejo de comunicar sentimentos de desespero e mudar o comportamento de outras pessoas. Elas não sabem se querem viver ou morrer, ou se querem as duas coisas ao mesmo tempo, geralmente uma a mais do que outra.

Toda forma de suicídio deve ser levada a sério, já que uma pessoa que fala sobre suicídio pode realmente tentá-lo. Há centros de prevenção ao suicídio em que pessoas perturbadas podem obter ajuda, seja por contato telefônico ou pessoalmente. É preciso ouvir a pessoa sem julgá-la, acreditar no que ela está dizendo e oferecer ajuda. Converse com ela sobre a probabilidade de procurar ajuda profissional, encaminhando-a para uma avaliação psiquiátrica e psicológica.O suicídio não é fácil de assimilar, pois expõe a dor daquele que tirou a própria vida a todos aqueles que viviam ao seu redor. Por vezes, esses familiares, amigos e conhecidos podem se questionar se existiram sinais de que aquilo aconteceria se poderiam ter notado e agido antes.Esses indícios de sofrimento, de fato, aparecem e, se antes eles servem como alerta, depois podem gerar uma culpa descabida, afinal, não há como responsabilizar ninguém por alguém ter se matado.

Os sintomas do suicídio variam de acordo com a personalidade das pessoas, mas eles costumam seguir um certo padrão, A forma como a pessoa agirá quando estiver em sofrimento mental e emocional dependerá de sua personalidade anteriormente. Por exemplo: se antes ele era mais aberto, falava mais dos seus problemas, provavelmente se isolará menos que alguém que já era bastante introvertido. O extrovertido provavelmente falará sobre suas dificuldades, sobre a morte, sobre a falta de sentido da vida, passará a ser mais calado e se envolverá menos em suas relações.Já o introvertido passará para um isolamento ainda maior do que antes. Ele possivelmente vai se desapegar de seus pertences, dará suas coisas para outras pessoas e irá se desfazer também de seus laços afetivos e de seus valores pessoais.

Esse “desligamento” é uma forma de lidar com a dor, que vai se tornando insuportável. As mudanças no pensamento também tanto no pensamento, quanto na memória, O foco e a atenção também podem ficar menos acurados, é como se a pessoa estivesse se 'desintegrando' aos poucos e perdendo seus vínculos com a vida.o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, remédios e drogas são agravantes para a pessoa com tendências suicidas. O ato suicida, apesar de envolver uma intenção e um planejamento, acontece em um momento de impulso. Muitas vezes o indivíduo que está em sofrimento intenso se isola de tal forma que deixa de frequentar a escola, a faculdade, e passa a faltar no trabalho. Não é raro que situações assim sejam vistas como “vagabundagem” ou irresponsabilidade por familiares, empregadores, amigos e colegas. Mas trata-se, na verdade, de um sintoma de sofrimento grave que aparece independentemente da idade.

Rose Nenevê - Psicóloga