Na dinâmica de uma cidade, o ir e vir é natural, num processo que muitas vezes envolve fortes emoções, por conta das despedidas. Especialmente nos começos de ano, algumas pessoas aproveitam para mudar de contexto. Existem os casos em que isto se dá em função de uma rotina das instituições. Militares, gerentes de bancos, líderes religiosos e professores, por exemplo, costumam mudar de domicílio nesta época, razão de transferências.
Mas, existem os casos atípicos. Talvez num desses se enquadre o de Donizete Coito dos Santos, que desde o início do ano não está mais entre nós. Ele era mais um dos muitos paranaenses que escolheram Castanheira para desenvolver um novo projeto de vida. Natural de Jardim Alegre, no Estado sulino, chegou a região em 1986, se destacando especialmente por seu amor aos trabalhos de sua Igreja.
Segundo Donizete, em 1989 começou a se envolver com os trabalhos de pastoral na paróquia local, como catequista, quando o pároco era o Frei Sérgio. Foi neste trabalho, especialmente atuando na área musical, que conheceu Beatris Marcelino. Se tornaram grandes amigos. Até que ela deixou Castanheira, nesta mesma rotina de idas e vindas. Foi para o Pará. Os contatos, contudo, facilitados pela internet, nunca se interromperam.
A amizade entre ambos se fortaleceu nos últimos tempos. E se este tipo de relação, já é uma forma de amor, segundo conceito da cultura grega, outra, mais forte e a mais cantada em verso e prosa, inclusive por Donizete em seus momentos recreacionais ou de romantismo, falou mais alto, gerando um casamento. O nome da cidade onde começa a escrever outra página de sua história não poderia ser mais oportuno: Castelo do Sonho.
Em Castanheira, onde exerceu a profissão de cabeleireiro por 17 anos, o filho de Seo João do Coito Santos e Aldeota Lima dos Santos, irmão de outros 16, deixou uma lacuna entre seus clientes, que sempre elogiaram sua rapidez nos mais diversos cortes de cabelo e pelo contínuo aperfeiçoamento. Mas, o sentimento de saudade é ainda maior entre os fiéis da comunidade católica, especialmente da Paróquia Santo Antônio e entre esses principalmente aqueles que nos anos 90 do século passado faziam parte, com ele, do Grupo de Jovens. "Já está fazendo muita falta", diz um de seus amigos. Beatris, contudo, segue no caminho inverso. A partir de agora a saudade é página virada.