Um casal arrecadando donativos que lotam uma caminhonete, uma igreja arrecada alimentos para 50 cestas básicas, outra consegue outras dezenas de cestas, um grupo se mobiliza para levantar víveres para o Refúgio Ebenezer, que trabalha com a recuperação de dependentes químicos e voluntários erguem uma casa para família carente.
Essas e tantas outras ações, desenvolvidas nas últimas semanas em Castanheira e Juína, como parte de uma corrente de solidariedade que abraça todo o país, visando atender aos mais necessitados, sob o impacto da pandemia do novo coronavírus, lança luz sobre uma tendência de momento: o espírito de solidariedade, sempre muito presente na história da humanidade em situações limites.
“O ideal é que todos pudessem ter o mínimo para comer, mas a COVID 19 acentuou um problema que já era grave no país: o desemprego”, diz o membro de uma instituição que se mobilizou para disponibilizar cestas básicas para famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social em Castanheira. Como em muitas mobilizações, uma regra tem sido o anonimato. Daí não registrarmos seu nome.
Por mais dolorosa que esta pandemia seja, dando visibilidade ao luto no seio de muitas famílias como nunca nas últimas décadas, tem despertado, paralelamente, alguns sentimentos nobres como nunca nos últimos tempos. O fortalecimento de vínculos, especialmente familiares, e a restauração de vínculos relacionais tem sido notórios desde que os índices negativos começaram a ganhar dimensões inimagináveis.
“As pessoas estão mais sensíveis, despertadas pela consciência de nossos limites e fragilidade”, observa o líder de uma comunidade evangélica de Juína.
Se temas como a origem da COVID 19, no campo científico, e as razões de seu surgimento, no campo religioso, são controversos, resultando em debates desgastantes nas redes sociais, é certo que nessas alturas todos os homens de bem estão cientes de algumas lições. A maior delas, tem sido revelar a fragilidade do homem, apesar de todos os avanços no campo do conhecimento, especialmente no século passado, que superou todos os anteriores em conquistas.
Se isto é negativo, destaque-se que a Covid 19 tem resgatado elementos positivos e um pouco esquecidos nos tempos atuais, como a força dos sentimentos humanitários, dos laços afetivos e da união de esforços entre as pessoas, independente das diferenças que historicamente causam separatismos. Numa frase: trouxe, pela dor, um “novo normal” que na verdade deveria fazer parte do cotidiano humano, sempre, pois pessoas sempre foram mais importantes do que coisas e relacionamentos mais importantes do que desejos egoístas.
Vivaldo S. Melo
Vivaldo S. Melo