A saga dos Basílios

RESUMO DA NOTÍCIA

De uma realidade simples em Mato Grosso do Sul a prosperidade no noroeste de Mato Grosso, Jorge Basílio e três irmãos se constituem num exemplo positivo a ser observado pelas novas gerações.

O texto a seguir foi publicado na 7ª edição da Revista Innovare News, de Agosto de 2015, que teve como capa a matéria “Nascido para Voar”. Narra, a partir de uma prosa com o pecuarista Jorge Basílio, a saga de parte de sua família.
No início da década de 80 do século passado, um êxodo muito grande de famílias residentes em Mato Grosso do Sul para os Estados de Mato Grosso e Rondônia estava em curso. Corriam notícias de terras baratas e produtivas em regiões até então pouco exploradas. Foi neste cenário mudancista que Jorge Basílio, paulista de Pirapozinho, 64 anos, e família resolveram vender uma propriedade em Sete Quedas, naquele Estado, e buscar novos horizontes.

Deslocaram-se para Pontes e Lacerda, Vila Bela,Vilhena, Ji-Paraná e finalmente Ariquemes. Questões como a malária e grilagem de terras fizeram com que a peregrinação se reiniciasse, no sentido inverso. E foi assim que 4 dos 9 irmãos chegaram a Castanheira, no início de 1985. 

À área comprada deram o nome de Vitória Régia, por sugestão da matriarca da família, Satoko Tanaka Basílio, que atribuía ao termo um valor emblemático: era uma planta que se espalhava. Eles almejavam ampliar os recursos que tinham. A sábia senhora, que vera da Terra do Sol Nascente aos 4 anos de idade e constituiria fampilia com o mineiro José Basílio, estava certa.

Três décadas depois os irmãos Gricério Basílio, popular Nenê; Vanderlei Basílio, o Teco; Jânio Massato Basílio e Jorge Basílio, após um início bastante difícil em Castanheira, trabalhando dia e noite, conseguiram consolidar um patrimônio que compreende,  hoje, além da propriedade matriz, que transformou-se em pródiga produtora de gado da raça Senepol, as fazendas Coroado, Coroadinho, Pérola, São Leopoldo, Cidade Morena e Mariana, nos municípios de Castanheira, Juína e Aripuanã e outros empreendimentos.

O começo desta história de sucesso , porém, teve relação direta com a Serraria Vitória Régia, em Castanheira, que chegou a empregar, em seu auge, 180 funcionários na sede e outros 30 nas regiões de desmatamento, com mão de obra empregada nos serviços de serraria, laminadora e beneficiamento. O processo de extração começou em 1985, na propriedade da família. Somente no ano seguinte a empresa foi montada. A vila de 40 casas, nas imediações onde hoje se situa o Estádio Municipal, só era superada pelo conjunto de residências da Rezzieri.  “Produzíamos mogno em alta escala, era o pau que rolava”, destaca Jorge Basílio, lembrando que os mercados compradores exponenciais eram São Paulo, Minas e Santa Catarina. 

A união dos quatro irmãos foi decisiva para o avanço dos negócios. Perguntado sobre o segredo desta unidade, já que comumente se diz negócio de família não prospera exatamente pelos conflitos relacionais, Jorge cita a capacidade de cada  um de respeitar as diferenças. “Não é fácil conviver, daí a importância de respeitarmos uns aos outros”, diz.

Esses laços fortes, contudo, não impediriam o fim dos negócios no ramo da madeira pelo menos em Castanheira, uma vez que ainda possuem serrarias em Juína e Japorã e um depósito de madeiras em Juara. Sobre as razões da a entender que elas se restringiram ao campo político. Teria faltado incentivo a uma empresa que gerava emprego e renda.

Na expectativa de contribuir com o progresso de Castanheira, Jorge Basílio candidatou-se a prefeito da cidade em 1988, tendo perdido para Zilda Maria por uma diferença de 281 votos. Devido a sua história de sucesso há quem lamente em Castanheira por sua abdicação à militância política. Até por este carinho popular e por manter negócios no município, Jorge Basílio não hesita em opinar sobre seu momento e futuro. Indagado sobre o que sugeriria para impulsionar o progresso da região é categórico: “Acima de tudo Castanheira precisa de mais empresas que gerem emprego e renda, além de projetos voltados para o fortalecimento da bacia leiteira e outras alternativas, visando a diversificação na produção”.

Homem simples, que se mistura com peões quando está em alguma das fazendas, Jorge Basílio desfruta com os irmãos de grande veneração de parte dos funcionários. É o caso de José Roberto Pereira, pai de Fabiano, Adriano e Patrícia, há 28 anos ligado aos irmãos Basílios e residente numa das casas que sobraram dos tempos da Vitória Régia. Deles diz, com emoção, serem mais do que patrões. “São grandes amigos”, destaca José, que deixou o Paraná, juntamente com a esposa Maria Pereira Tavares, para estabelecer-se em Castanheira a convite deles. Não se arrepende e agradece a Deus todos os dias pela Vitória Régia ter existido em sua história.

CRONOLOGIA

1950 – Nascia em Pirapozinho, São Paulo, Jorge Basílio, um dos 4 Basílios.

1984 – Vendem um Sítio em Sete Quedas, MS, empreendendo viagem rumo ao “norte”.

1986 – Montam a Serraria Vitória Régia em Castanheira.

1994 – Fim do empreendimento madeireiro em Castanheira por falta de incentivo e pelo avanço do setor da pecuária.

2015 – Seis Fazendas de criação de gado, duas Serrarias e Depósitos de Madeira comprovam  uma história de sucesso.