O Sitio São Francisco, na Linha São Roque, na Comunidade Santa Terezinha, em Castanheira, tem uma referência histórica de superação que serve de exemplo para os que lutam com limites extremos.
Ali viveu boa parte de sua vida Rodrigo Gomes Roberto, filho de José Roberto Sobrinho e Valdete Gomes Roberto. Desde pequeno Dida, como é conhecido no círculo mais próximo, teve que conviver com um limite, pois foi diagnosticado com Retinite Pigmentar, indicando que aos poucos ele perderia a visão. “Passou por poucas e boas”, observa o primo e grande incentivador de suas conquistas Dionatan Roberto, também castanheirense, residente em Juara.
Dedicado, mesmo não podendo contar com uma das principais ferramentas que leva ao sucesso, os olhos, Rodrigo já realizou, aos 33 anos, alguns sonhos impensados para muitos deficientes visuais. Um deles, fazer o curso de Direito, o que conseguiu ao ingressar na Faculdade de Rolim de Moura, Rondônia. No Estado vizinho, onde reside atualmente, também passou no difícil e concorrido exame da OAB.
E se ingressar no mercado de trabalho já é difícil para muitos, para Rodrigo foi ainda mais. Conseguiu, contudo, um lugar no Fórum de Alta Floresta D'Oeste, onde atua no setor de “atermação”, ligado ao acesso a juizados especiais.
Para chegar ao local de trabalho, todos os dias, tem o apoio de colegas. “Venho de carona todos os dias com um colega, que me auxilia também na entrada, desde a garagem até a entrada do Forum”, conta.
O acesso de Rodrigo ao Processo Judicial Eletrônico é possível por meio de ferramentas que fazem a leitura das peças. Os computadores contam com leitores. Na página principal do Tribunal de Justiça de Rondônia também está disponível uma ferramenta que auxilia pessoas com diversos tipos de deficiência.
Ao referir-se a sua trajetória, narrada no Site do TJRO como um bom exemplo de como é possível ao ser humano evoluir profissionalmente, mesmo com determinados limites, desde que tenham a oportunidade, Rodrigo destaca que chegar onde chegou não foi fácil. “Eu sempre procurei uma oportunidade de emprego, mas sempre recebi desculpas de que não havia vaga ou não tinha função para mim”, lembra.
Ao tomar conhecimento de que o acadêmico buscava um estágio na Comarca, o diretor do Fórum e titular da Vara Única de Alta Floresta, Dr. Guilherme Schultz, não deve dúvidas. “Fico grato por poder contar com a atuação do Rodrigo, pois além de ser uma oportunidade para ele, acaba sendo para todos nós da Comarca, que podemos aperfeiçoar nossa atuação com vistas a atender a todos cada vez melhor”, diz.
Em Rondônia, Estado que deu a este valoroso castanheirense oportunidades que alguns negam, existem atualmente 120 pessoas, entre servidores e magistrados, nos limites do TJ, que contam com algum tipo de deficiência. Aqueles que têm entre seus dependentes pessoas com deficiência, contam com condições de trabalho diferenciados, com redução de jornada de trabalho nas suas remunerações, conforme resolução.
Voltando ao Rodrigo, outra conquista foi constituir família em seu novo contexto. E quando, nesta época do ano, se coloca o futuro em perspectiva, ninguém tem dúvidas de que outras virão.