O dia de rikbaktsa de Nicoli Pereira

RESUMO DA NOTÍCIA

Secretária de Agricultura faz visita a região dos índios canoeiros, ouve sobre um sonho e sai com outro.
Aproveitando uma viagem de rotina, a Secretária de Agricultura de Castanheira, Nicoli Pereira, resolveu fazer uma agenda diferente. Acompanhada do técnico em agropecuária Lucas Macedo, da Empaer, resolveu se embrear nas matas de Brasnorte, na direção de uma área ocupada pelos índios Rikbaktsa, conhecidos por uns como “Orelhas de Pau” e por outros de “Indios Caoneiros”.

Tinha em mente fazer contato com Chales Douglas Rikbakta, que já trabalhou como professor entre seus patrícios e agora se ocupa com as lidas da terra. Na bagagem, a jovem Secretária levava alguns agrados, na forma de produtos consolidados pela equipe do Viveiro Municipal: mudas de cupuaçu, cacau, caju e café. Douglas, que já se ocupa com a plantação de cupuaçu, obviamente gostou. 

A partir deste aceno, a prosa girou em torno  do sonho do ex professor de ver a terra de sua tribo melhor aproveitada com a diversificação de cultura.

Os Ribbaktsa, que vivem na bacia do Rio Juruena, no noroeste de Mato Grosso, e são vistos frequentemente nas cidades, especialmente fazendo compras em locais como o Comercial Santos, habitam do lado de lá do grande rio, que dá nome a região. São mais caçadores e coletores do que agricultores, embora a agricultura e as festas rituais a ela associadas, tenham um papel central no ritmo e organização da vida social.

Já foram mais numerosos, no passado. A aproximação com os primeiros colonizadores na região, porém, quase gerou sua extinção. O trabalho das missões católicas, contudo, apesar da polêmica sobre elementos culturais, contribuiu para a não extinção da etnia. 

Em meio a tantas conversas, a Secretária Castanheirense acenou com o desejo de contribuir para o sonho do professor. Sabe, contudo, que isto envolve trâmites. Embora próximos, alguns sendo estudantes em escolas rurais de Castanheira, especialmente no Vale do Seringal, os ribbaktsa, que estão do outro lado do Rio, estão longe, via terrestre. E em outro território, não tem representatividade comunitária na área do município.

Percebendo, contudo, que por lá já se planta milho, batata-doce, cará, mandioca, inhame, arroz, feijão, fava, algodão, urucu, bananas de diversos tipos, cana-de-açucar, amendoim e abóbora, também voltou com um sonho: somar com a produção do Viveiro, exportando mudas para um povo que tem uma bonita história de luta por sobrevivência. Antes, precisa conhecer o caminho das pedras.