Castanheira pode perder em breve dois de seus mais ilustres cidadãos. Não há quem não conheça ou não tenha ouvido falar algo de Arlindo Pereira Coutinho, 70, e Elci Terezinha Coutinho, 64, conhecida pelos pães deliciosos que faz, daí ser conhecida como Elci do Pão. Seus nomes estão inseridos na história do município como dois de seus mais antigos moradores.
Arlindo e Elci chegaram a região no dia 23 de setembro de 1979, no rastro da rodovia AR 1, projetada pelo governo federal para ligar Vilhena a Aripuanã, antes da rota via Fontanillas, por balsa, ser explorada. Vieram do vilarejo de Buriti, no município de São Miguel do Iguaçu, no Paraná, quando essa referência pertencia ao Rio Grande do Sul. Por isto gostam de lembrar que são gaúchos, mantendo o hábito diário do chimarrão.
“Nossos filhos Elaine e Eder estavam com 02 e 04 anos e o terceiro, Jaison, já nasceu onde seria Castanheira, em 11 de dezembro de 1982”, lembra Elci. Segundo ela, Márcia Maria, filha de Antônio Maria e Leni Maria, foi a primeira bebê nascida na região. Jaison, o segundo.
O casal é um dos destaques de reportagem especial do Castanheira News que será pautada no próximo dia 1º de julho, dia que começa oficialmente a programação alusiva aos 34 anos de emancipação do município.
“Aqui criei meus filhos, tive meus netos e construímos uma história de 42 anos, vivendo feliz com os amigos”, destaca Elci, sob o olhar atento do esposo, num trecho do trabalho que deve ser exibido em telão na Praça 04 de Julho e disponibilizado a todos via youtube.
Quem visita o casal na pequena Chácara Gramado Verde, de 4 alqueires, colada na cidade, onde, em dois tanques, Seo Arlindo gosta de ficar parte do dia pescando, encontra as mais ricas histórias da região, contadas por quem tem autoridade, pois dava pra contar com os dedos de uma mão as pessoas que por aqui estavam, quando chegaram.
Na verdade Arlindo e Elci já estavam na região no início da década de 70 do século passado. Como tudo por aqui era Juína, ele chegou a ser vereador pelo município vizinho em 1972, pelo antigo PMDB, sendo o segundo candidato mais votado nas eleições. Em Castanheira, já quando município, foi responsável pelo setor de compras da administração do Dr. Jorge Arcos.
Católicos atuantes, estiveram presentes em todos os capítulos iniciais da igreja em Castanheira. Arlindo, por exemplo, com Antônio Maria, construiu o primeiro espaço para missas, um barraco de madeira. Gosta de lembrar da celebração da primeira missa, em 1980, pelo padre Duílio. Participou também da construção da estrutura da Madeireira Rezzieri, responsável pelo grande impulso de Castanheira, em seus primórdios.
Com os dois filhos homens morando hoje em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, o casal espera apenas a venda da propriedade para retornar ao lado sul do país, de onde vieram. Como a filha passou em concurso público em Cuiabá – ela mora em Cotriguaçu – o deslocamento para a capital do MT também será mais fácil. Claro que, nestas alturas, a saudade já começa a imperar. Dos dois lados, pois Castanheira é grata ao capítulo da história que construíram por aqui.