24 de fevereiro de 2019, 05h00, Hospital São Lucas de Juína. Neste dia, hora e local, um penúltimo capítulo da história de Serafim Sérgio Martins Martinez, 74, seria escrito. Sim, porque a partir dele começaria o último, da saudade, especialmente para a sua eterna companheira, Maria Aparecida Cristante Martinez, os filhos Noemi Elaine, Sérgia Renata, Andreia Maria e Serafim Sérgio e cinco netos.
Da linhagem de Serafins, que na Europa, lugar de origem da matriarca Maria Martinez Camacho, é um sobrenome comum, inclusive de Reis, Sérgio, mais conhecido por Serjão, inicialmente “da máquina”, por ser proprietário durante muito tempo de uma empresa de beneficiamento de arroz e café em Juína, é o terceiro.
Com os olhos tomados pelas lágrimas, o quarto Serafim, conhecido em Castanheira por Júnior, lembra que o pai era um homem profundamente identificado com a cultura do campo. “Diante de qualquer outro assunto, ele era calado, mas bastava falar de gado, porco, tropa, roça, para animá-lo”. Por conta deste gosto, foi pioneiro, em Juína das festas de rodeio e da semente do hoje Sindicato Rural, que chegou a presidir. Foi dele o 1º título concedido a um associado. Na “rainha da floresta” também teve papel importante para o estabelecimento da Comarca.
Em Castanheira
O capítulo de Castanheira incluiu, ao longo de anos, uma rotina de idas e vindas a sua propriedade rural, a Fazenda Vale do Juruena, na linha São Roque, região da comunidade Santa Terezinha. “Chegava toda terça e voltava na sexta”, destaca. Nos tempos de uma primeira propriedade, adquirida de Dilson Brasileiro Rios, percorria a pé o longo trecho entre o final de uma estrada, onde deixava seu caminhão Chevrolet Perkins, e a propriedade, levando víveres nas costas.
Lembranças
Amante da cultura sertaneja, especialmente a chamada música caipira, da qual amava as criações de Pedro Bento e Zé da Estrada, este filho de Ibirá, São Paulo, que teve uma passagem por Barra do Bugres e chegou ao noroeste de Mato Grosso em 7 de março de 1980, será lembrado pelo trabalho e pelos gostos simples, um dos quais montaria de cavalo, o que fez até os 70 anos.
Em missa de homenagem póstuma, familiares e amigos rogaram para que fosse acolhido no reino eterno. Como no sentido bíblico “Serafim” é nome dado a anjo e significa “incandescente”, foi citado por um amigo como alguém que hoje já brilha em outra dimensão.