Nelza Vales: Castanheira perde um de seus melhores cafezinhos

RESUMO DA NOTÍCIA

Aos 75 anos, Dona Nelza deixa uma grande família. E boas lembranças...
Quem conhecia a história de Nelza Vales de Oliveira, 75, mineira de Matos Leme, perto de Belo Horizonte, e construiu parte de sua história em Juina, não entendia,  num primeiro momento, o porquê de seu amor por Castanheira. Tanto que costumava dizer: “Quando morrer, quero ser sepultada aqui”, referindo-se ao pequeno município da região noroeste de Mato Grosso.

A indagação tinha lá seu fundamento, afinal, mãe de 10 filhos, que lhe deram 27 netos e esses 21 bisnetos, não tinha um familiar em Castanheira, a não ser o seu companheiro José Vicente, com o qual viveu 21 anos depois que ficou viúva, 15 dos quais na terra onde foi sepultada na tarde desta sexta-feira, 25, no Cemitério Bom Jesus, depois de um tempo de despedidas na Igreja Presbiteriana do Brasil.

Dona Nelza teve um capítulo triste em Juína. Em 1995 seu esposo, Damião Clemente de Oliveira, presbítero da IPB local, faleceu num trágico acidente nas proximidades da ponte do Rio Juruena, quando se dirigia, com um grupo de líderes do Presbitério – concílio da denominação evangélica - para uma reunião em Sinop. As mortes de três oficiais da Igreja Presbiteriana do Brasil até hoje são lembradas.

A tragédia familiar não abalou sua fé. Mesmo há poucos dias de seu falecimento, que aconteceu na madrugada, na presença de duas filhas e uma neta, testemunhou da diferença que Deus fazia em sua vida. 

“Foi sua fé que a manteve firme, também, quando ao fazer exames médicos em Goiânia, recebeu o diagnóstico de um câncer”, revela um familiar. Ao ser informada dos perigos de uma cirurgia, naquela ocasião,  optou por não fazer, manifestando o desejo de aproveitar o tempo que lhe restava com a família. “Deus lhe deu mais três anos”, observa. 

Quem costumava visitar sua residência, na Rua João Brasil, no centro, não podia sair sem tomar um bom cafezinho, uma de suas marcas registradas, “ao lado de um bolinho de polvilho”, como lembra a filha Maria Arlete, de Juína, ou “daquela comidinha caseira” com o toque de antigamente, como destaca o filho Eugênio, residente em Porangatu, Goiás, contados entre os familiares que  nas últimas horas começam a relembram as histórias de um tempo que não volta mais.

Sobre a razão de viver em Castanheira, com todos os filhos, netos e bisnetos morando em outros lugares, especialmente Juína, gostava de citar a tranquilidade do lugar. "Quero terminar meus dias aqui", dizia. E assim foi...