A foto do corpo de um garoto, estendido no chão, depois de um acidente, por volta das 14 horas, sábado, na Av. 04 de Julho, correu como um raio nas redes sociais. Dia antes, as de outro garoto, na MT 170, entre Juína e Castanheira, tiveram efeito chocante. Entre os dois episódios, um vídeo, nos grupos de WhatsApp, mostrando um terceiro garoto, empinando moto, na 04 de Julho, motivou intensas discussões, julgamentos e até o prefeito da cidade foi citado, num caso, que, literalmente não é de sua competência.
Na verdade, questões como empinar motos, menores pilotando motos e outras envolvendo o cobiçadíssimo veículo, especialmente pelos mais jovens, não se restringe a Castanheira. Dificilmente, especialmente em pequenas cidades, onde as “opções de lazer” são mínimas, não existam garotos fazendo manobras nas ruas, avenidas ou BR”s, por várias razões. Há quem diga que uma delas é chamar a atenção das garotas. Contudo, pesquisas indicam que a motivação maior é a adrenalina gerada pela ação e o fato de, na literatura, a prática estar associada a rebeldia, característica da fase.
Medidas restritivas impostas pelos pais ou responsáveis e o uso da lei, pelas autoridades, embora importantes e necessárias, nunca conseguiram resolver o problema. Ele já faz parte de nossa cultura, queiramos ou não. Inclusive muitos dos que condenam os excessos praticados pelos chamados motoqueiros, no passado também aprontaram das suas. Talvez por essas e outras, Elis Regina tenha sido feliz ao sugerir, no clássico “Como nossos pais”, que reproduzimos as suas práticas. Com religioso, digo que “só Jesus” para mudar isto!
É certo empinar motos na rua, dirigir qualquer veículo sem habilitação ou mesmo, para citar outro elemento presente nesta discussão, dirigir sob o efeito de álcool? É claro que não! Muitas das tragédias no trânsito, estão relacionadas a essas anomalias. Talvez uma das soluções seja a criação de programas mais objetivos e permanentes, envolvendo todos os segmentos da sociedade, visando a formação de consciência especificamente sobre esses aspectos.
Outra necessidade é mostrar a importância de sermos mais flexíveis, sem sermos coniventes, em relação aos que transgridam o ideal de um trânsito seguro, onde todos respeitem as normas indicadas nos manuais. Um garoto, por exemplo, que se sinta acuado enquanto faz seus malabarismos, provavelmente vai correr (de moto). Talvez isto até faça parte da tal “adrenalina”. O resultado pode ser trágico. Outras formas de abordagens podem surtir melhor efeito.
Quanto a exposição, em fotos, de cenas violentas do trânsito, talvez devesse ser proibida, por várias razões. Uma delas, a dor que isto pode trazer a amigos e familiares. É certo que muitos gostam desta exposição. Quando uma tragédia acontece, nem sempre a preocupação com os detalhes tem a ver com compaixão, mas com a satisfação de alguns desejos íntimos que comprovam a força do mal presente em nós. E isto é tão errado, quanto o ato de condenar os que tornam o nosso trânsito perigoso, tirando a paz que todos deveriam ter.
Vivaldo S. Melo
Vivaldo S. Melo