Quem ouve Isabela e Jullia falarem de Maria Rosa Gehring, a impressão é que ela era a avó que todos gostariam de ter, até nas teimosias, como frisam, entre lágrimas e risos, ao trazerem à memória capítulos da história desta paranaense de Nova Londrina, que faleceu às 17 horas desta quarta-feira, 27, em Tangará da Serra, onde se encontrava na UTI do Hospital Santa Angela.
Sua história pode ser narrada a partir de vários começos, como da menina que sempre alimentou o desejo de estudar, realizando o sonho em Castanheira, onde chegou, com o esposo e filhos, em 23 de dezembro de 1986, com o esposo, Armando Aloisio Gehring, já falecido, grande incentivador de sua trajetória como docente. Foi da primeira turma local do antigo EJA, formando-se em pedagogia.
Maria Rosa deixa marcas na vida de centenas, quiçá milhares, de castanheirenses, pois sempre atuou como alfabetizadora, a partir da Escola Maria Quitéria, desde os primórdios da instituição. “Nem precisava de anotações, tal a assimilação que tinha do conteúdo da famosa cartilha “Caminho Suave”, lembra o professor e sobrinho Fábio Marcelo Vaz, trazido para a região, assim que se formou em Educação Física, por sua influência.
“Minha avó era muito carinhosa, gostava de ter a independência dela, viajar, costurar, ler...”, lembra Isabela M. Gehring, sua companheira de morada por cinco anos, desde a morte do avô. Com sua irmã Jullia E. Gehring destaca o que mais vai suscitar lembranças da avó, que foi seu carinho com as plantas.
“Dela ganhei uma muda de planta que se multiplicou, embelezando hoje muitos quintais de Castanheira, por isto sempre que regá-la, doravante, será inevitável não lembrar”, diz a ex vizinha Amaziles Eleto, a Tuita. A planta? Amariles! “Não tem como esquecer!”, destaca.
Na Casa da Saudade, onde seu corpo é velado até às 17 horas desta quinta-feira, familiares como os filhos Armandinho, João Carlos e Júlio Cesar, e amigos, se juntam para lembrar detalhes que formam uma história que serve de exemplo para as novas gerações. De um passado mais distante, Júlio destaca suas raízes, em Fátima, Portugal. De lá vem a devoção pela famosa santa católica.
Dona Maria Rosa, ou a professora Maria Rosa, ou a Maria Rosa que amava as plantas – fazendo jus ao sobrenome – enfim, mais uma pioneira da educação castanheirense, será sepultada às 17 horas desta quinta-feira, 28, no Cemitério Bom Jesus. Deixa, além dos três filhos e das duas netas já citadas, outros cinco netos e quatro bisnetos. Coincidentemente, faleceu aos 78 anos, mesma idade do falecimento de seu eterno companheiro, Seo Armando, há cinco anos. Como ele, deixa saudades.