Reza uma lenda que, quando alguém que ama demais a vida morre, chove sobre a terra dos viventes. Verdade ou não, a chuva branda desta quarta-feira, 09, em Castanheira, em meio a um céu de bronze, acontece quando a cidade recebe a notícia da morte de um de seus filhos. Mateus Vieira de Aparecido, 16, não resistiu ao tratamento de sua saúde em Cuiabá, onde, depois de internado no HMC, contraindo Covid, veio a óbito no Pronto Socorro.
Seu jeito alegre, brincalhão, “sempre fazendo palhaçadas”, como registrou o tio, Everaldo Cristino Aparecido, nas redes sociais, em 27 de dezembro, foi vivenciado pela família até na véspera do último Natal. Nos momentos iniciais da festiva data, ele foi arremessado da garupa de uma Moto na cerca de uma residência, na Av. dos Trabalhadores, no Bairro Guadalupe, nas proximidades do Armazém do Mesaque. Socorrido no Pronto Atendimento da cidade, foi encaminhado a Juína e de lá, diante do quadro grave, em razão de um traumatismo craniano, para a capital.
Criado pelos avós, Benedito e Dona Maria, o filho de Isaias Cristino de Aparecido e Selma dos Santos Vieira era conhecido pela facilidade em fazer amigos. “Bastava alguém conversar com ele, que já chamava de amigo”, lembra Everaldo, que o referencia como diferenciado, alguém de bom coração e sempre feliz. “Não havia tristeza nele”, complementa.
Nascido em 18 de julho de 2005, vai ser lembrado, doravante, entre amigos e familiares, por algumas coisas que marcavam seu cotidiano. Uma delas era o gosto por bolo de chocolate, preferencialmente os feitos pela tia Valdirene Cristino Aparecido Felix. Outra, a paixão por seu clube do coração, o glorioso Santos, da Vila Belmiro.
Convivendo com Mateus no triste período que ficou em Cuiabá, encerrado às 22 horas desta terça-feira, 08, Valdirene destaca que o último meio de comunicação com o sobrinho foi através do olhar. A qualquer pergunta ele reagia com os olhos. Numa das interações, ao ser perguntado, respondeu desta forma a cada número de seu celular. Com este aparelho, aliás, outra lembrança, pois o já saudoso adolescente chegou a ter uma pequena loja para concertos de aparelhos. Curioso e inteligente, aprendeu sozinho. Ultimamente trabalhava no Laticínio Princesa Alessandra. Pela idade, como se vê, era realmente diferenciado.
Segundo a família, o corpo de Mateus deve ser trasladado para Castanheira, saindo de Cuiabá por volta das 15 horas. Uma carreata pela cidade deve assinalar o adeus dos amigos e familiares.