Embora vivam a mil e quatrocentos quilômetros de distância e não se conheçam, Luciana Almeida e Alessandro Moreira dos Reis tem muitas coisas em comum, como o fato de possuirem a mesma idade, 42 anos, e ligações com Castanheira. Mas, um detalhe dramático é o elo de ligação mais forte: ambos passam por situações limites, estando envolvidos numa batalha pela vida como pouco se vê.
Luciana, chegou ao município quando ainda era distrito de Juína. Esteve em seu chão da infância a mocidade, quando saiu para estabelecer-se em Juína. Conhecida por todos, principalmente por estudar, do Pré ao 3º ano, na Escola Maria Quitéria, referência na história de todos os castanheirenses. Seus pais são contados entre os pioneiros. Marcos Almeida, foi topógrafo. Por aqui mediu muitas terras e lotes. Dona Madalena trabalhou na Creche Municipal por muitos anos.
Alessandro nunca esteve em Castanheira. Reside em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Mas, exatamente por seu drama e por ser amigo do editor do Innovare News, Vivaldo da Silva Melo, foi praticamente adotado em oração pela Comunidade Nova Canaã, que acompanha seu drama através dos relatos permanentes de sua dedicada esposa, Margiane Reis.
Luciana tem sido machucada pelo câncer. Em post com forte teor emocional, no facebook, nesta semana, destaca que sua vida mudou muito de três anos para cá. Neste tempo, perdeu a mãe, vitimada pela mesma enfermidade, o esposo de forma estúpida e acumulou dois cânceres, seios e pulmão, enfrentados com coragem e determinação, o que lhe rendeu o título de guerreira. Mais recentemente, contudo, quando achava que se reergueria, foi informada de um diagnóstico cruel: está com tumores no fígado e na coluna.
Alessandro, evangélico, da Igreja Batista, foi acometido por uma série de enfermidades graves a partir de 2014, formando um quadro degenerativo clinicamente irreversível. Inicialmente foi diagnosticado com granulomatose de wegener, doença autoimune. Depois vieram vasculite cerebral e artrite reumatoide. O Resultado? Atrofia dos membros inferiores e superiores, o que o deixa acamado, respirando por aparelho, urinando e se alimentando por sondas e usando uma bomba de morfina implantada para conter as dores insuportáveis.
Com quadros tão delicados, é compreensível que Luciana tenha registrado que pergunta a Deus até quando pode suportar. “Me sinto exausta!”, diz. Alessandro, numa postura que desafia a lógica e a razão, de vez em quando faz sinais, numa linguagem já absorvida pela esposa, rogando para ouvir louvores a Deus, pois sua visão já é turva e não pode mais falar de forma compreensível. Na experiência de ambos, ainda existe a fé, fortalecida por centenas de amigos e familiares que, embora não compreendam e atribuindo as duas realidades a um mistério, sabem que deve existir algum propósito para tudo.