Mais uma vez, identifico em Davi um outro aspecto: o louvor durante o tormento. O Salmo 34 é um convite à adoração e à maturidade espiritual. Nele o salmista manifesta o seu compromisso de louvar ao Senhor em “todo o tempo” (v.1).
Louvar a Deus ao ganhar o que se desejou, ao ter o pedido atendido ou ser surpreendido por uma ótima notícia não exige muito esforço do nosso coração. A proposta bíblica, porém, é bem mais radical: louvar a Deus em “todo o tempo”! Tanto no dia bom quanto no dia mau, em plena saúde e nos dias de enfermidade, sob aplausos ou críticas.
Louvar a Deus em “todo o tempo” implica reconhecer que todos os planos do Pai são planos de amor, além de enxergar que todas as coisas cooperam, de alguma forma que pouco compreendemos no momento, para o bem dos que sinceramente amam a Deus.
Louvar a Deus é reconhecer que sua bondade será sempre maior do que qualquer enfrentamento ou decepção da vida. É cantar a sua bondade nos dias de luz e alegria, e não deixar de fazê-lo nas noites de neblina e tristeza. Sua bondade é maior que a vida!
Assim canta Davi:
“Busquei o Senhor, e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores. Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações. O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra. Oh! Provai e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia. Temei o Senhor, vós os seus santos, pois nada falta aos que o temem. Os leõezinhos sofrem necessidade e passam fome, porém aos que buscam o Senhor bem nenhum lhes faltará” (Sl 34:4-10).
Um dia, em plena e eterna luz, cantaremos a sua bondade, em “todo o tempo”. Não precisaremos de fatos da vida para fazê-lo, pois a sua presença nos bastará. Talvez a oração mais marcante na Palavra tenha sido proferida pelo salmista quando clamou: “Sonda-me ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139:23,24).
Essa oração do salmista reconhece a nossa incapacidade de autoconhecimento, portanto, precisamos de Deus para nos sondar. Ademais, reconhece a incapacidade humana para fazer a escolha certa, então precisamos de Deus para nos guiar. Igualmente, expressa as áreas da vida onde a luta se trava: não nos palácios ou nas ruas, mas no coração e nos pensamentos, o que mostra a necessidade de Deus para nos provar. “Guia-me pelo caminho eterno” deve ser o nosso pedido a cada nova manhã.
Louvar a Deus é uma atitude do coração convicto de que “muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra” (Sl 34:19). Que nesses dias nos lembremos da constante bondade do Senhor. Ele nos deu força em dias de fraqueza. Sustentou-nos nas carências profundas da alma. Livrou-nos de perigosas armadilhas. Consolou-nos na hora da angústia. Proveu quando mais precisamos e alegrou-se conosco quando buscamos a retidão.
Reconheçamos a sua insuperável bondade e busquemos ama-lo mais a cada dia. E peçamos ao Eterno graça e força para, de coração, louva-lo em todo o tempo.