Se destacar num lugar onde o futebol de salão é modalidade esportiva de ponta, atraindo grandes públicos, já é honra para qualquer atleta. Ir além deste limite, muito mais. É o que tem acontecido com Kaiane Rosa Gusmão de Souza, 19, filha de Castanheira, que tem num lugar especial de sua casa tantos troféus e medalhas que pode surpreender quem não conhece sua trajetória.
O filho de peixe, peixinho é, cabe em sua história. E se tem mais de um peixe na estrutura familiar, o conceito se amplia. Seu pai, Nildomar Gusmão, é apaixonado por esporte, sendo conhecido por narrativas vibrantes de rodeios. A mãe, além do próprio futsal, já foi atleta de vôlei; Karla, uma das irmãs, também brilha no futsal e Karoline, que completa o núcleo familiar, é atleta de arremesso, tendo inclusive representado o Estado em competições da categoria.
Como podem ver, seu gosto pelo esporte tem raízes sólidas. E pelo futsal a maior influencia vem do pai, que além dos rodeios, área que tem que ser craque, é nome conhecido no salonismo. Para alguns, foi e tem sido um dos melhores goleiros. No estágio atual da vida, compondo com equipes de veteranos ou masters, impressiona pela elasticidade em alguns lances. Perceberam? O gosto pelo gol, posição onde poucos fazem história, talvez viesse daí! Mas, o enredo é outro.
Seu gosto pela modalidade também tem história. Até o ano de 2015 não era muito chegada. Quem mais se dedicava era a mana Karla. Os, pais, contudo, insistiam para que ela treinasse. E ela até que ia, mas ficava sentada, com o tênis ao lado, teimando com o treinador Maikon Sérgio, o Maninho. Mas, as estratégias dos pais e das irmãs, pautadas em conceitos conhecidos como “é bom para a saúde, etc e tal” um dia deram certo.
Quanto ao gol, lembram? Ela jura que o pai não a influenciou, mas foi o contrário. E explica: Nildomar sempre jogava na linha nesta época, quando ela tinha por volta dos 13 anos. Mas, quando faltava goleiro, lá estava ela incentivando o pai a ocupar o espaço. Muito dedicado, ele dava tanto o melhor de si nos improvisos, que acabou chamou a atenção, se consolidando na posição.
Conquistas
Desde que resolveu se firmar na posição de goleira, Kaiane não parou de progredir. Como resultado, em várias equipes, era destaque. E além delas, sendo considerada a melhor goleira em várias competições. No último final de semana, por exemplo, quando a equipe de Castanheira bateu na trave, em Brasnorte, na 8ª edição da Copa Mulher, empatando na final, com Campo Novo, em 1 a 1, mas perdeu nas penalidades, quem foi a melhor goleira da competição? Ela!
Entre as boas lembranças, destaca a conquista nos Jogos Escolares da Juventude, etapa regional, edições de 2015 e 2016, por Castanheira. Em 2017, assumiu a vaga de titular na equipe do IFMT, também na etapa regional da mesma competição e quem se destacou? Ela! Na equipe campeã! O feito se repetiu no ano seguinte e na fase Estadual dos jogos, foi goleira da equipe que ficou em segundo lugar.
Claro que essas menções representam alguns dos destaques, pois a lista é grande para esta jovem que gosta tanto do setor defensivo no futsal que, desafiada a falar em outra posição que gostaria de ocupar, diz, de pronto, que seria a zaga. Sobre o esporte em si, tem uma observação. “Como gosto muito de ficar na minha, vejo nele uma forma de interagir com as pessoas”, diz.
De hábitos simples e de um coração grato, Kaiane revela gratidão pelo apoio da família. Também não esquece Deus, “acima de tudo”, e seus primeiros treinadores, Fagner Fernantes e Maikon Sérgio, também pelo incentivo.
Ao falar de Castanheira, sua terra, o coração pulsa. Desafiada a citar algo que gostaria de ver na cidade, destaca “uma Clínica Veterinária”, observando que a população tem muito amor pelos bichos e na maioria das vezes tem que se deslocar a Juína para os cuidados que muitas vezes eles requerem. Fazendo Medicina Veterinária em Sinop, sinaliza com uma possibilidade de futuro: voltar a Castanheira para...? Claro! É isto mesmo!