Que muitos cantores sertanejos têm parte de suas fortunas obtidas com recursos públicos oriundos de prefeituras, todos sabem. Como atende a vários interesses, o assunto é ignorado. Mas, um recente comentário do cantor Zé Neto, num show em Sorriso, dizendo que não dependiam da Lei Rouanet, produziu efeito catastrófico. “Foi uma crítica hipócrita!”, destaca um promotor de eventos.
Como resultado da afirmação, o Ministério Público de Mato Grosso abriu procedimento nesta quarta-feira, 1º de junho, para apurar a informação de que 24 prefeituras do Estado contrataram artistas, entre cantores de música sertaneja e de outros gêneros, com dinheiro dos cofres públicos, para se apresentarem em eventos comemorativos das cidades.
Nas proximidades de Castanheira, dois municípios fazem parte da lista: Juina e Brasnorte. Os outros são Gaúcha do Norte, Porto Alegre do Norte. Figueirópolis D’Oeste, Nortelândia, Salto do Céu, Alto Taquari, São Joaquim, Nova Murum, Sapezal, Canarana, Acorizal, Água Boa, São José do Xingú, Barra do Garças, Querência, Bom Jesus do Araguaia, Santa Carmem, Matupá, Nova Canaãdo Norte e Novo Horizonte do Norte.
“Nosso cachê quem paga é o povo!”, disse o cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano, no show em Sorriso, no último dia 13 de maio, numa fala onde também criticou a cantora Anita. Ironicamente “quem paga é realmente o povo”, uma vez que alguns shows são pagos com recursos de prefeituras de cidades que muitas vezes não recebem o suficiente para setores básicos. Parte deste “povo” não é consultado sobre desejar ou não shows milionários, alguns ultrapassando R$ 1 milhão de reais, como constatado nas últimas semanas.