Porque algumas pessoas boas sofrem tanto, é um mistério que as religiões tentam explicar. Dona Joelita Borges Pereira, 57 anos, entra neste rol. Na madrugada desta quarta-feira, 03, depois de dias de luta contra a Covid, ela faleceu, no Hospital de Nova Mutum, para onde foi levada há poucos dias.
Baiana, se estabeleceu no município de Castanheira há cerca de 25 anos, residindo grande parte deste tempo numa propriedade rural no 4º Assentamento, na Comunidade João Batista. Lá experimentou a dor de perder o esposo, Maurilio Borges Pereira, e a filha Eliete, gêmea com Elizabete, vitimada por um câncer.
“Foi uma guerreira, suportando muito sofrimento”, destaca o filho, Agnaldo, residente em Castanheira, que terá na noite chuvosa desta quarta, uma das esperas mais tristes, pois no momento que o corpo chegar, será sepultado, algo que no contexto do novo normal tem se constituído numa das cenas mais doídas para amigos e familiares.
“Dona Joelita era uma pessoa de fé exemplar, pois não costumava murmurar, mesmo diante de extremas dificuldades”, destaca a vereadora Marisa da Saúde, lembrando alguns sofrimentos enfrentados pela amiga de longa data. “Fomos dos primeiros a interagir com ela, o esposo e os filhos, assim que vieram de Nova Mamoré, Rondônia, no final do século passado”, revela.
Evangélica da Igreja Assembleia de Deus Belém, frequentando em seus últimos anos o templo da Comunidade Lambarí, além da morte do esposo, da filha, enfrentou lutas com problemas na coluna, da qual foi operada, convivendo com incômodos pinos, e com os limites impostos por uma grande provação, lembrada por Agnaldo: “Uns elementos, bêbados, colocaram fogo em nosso barraco, no Assentamento”.
Ultimamente sofria com a COVID, tendo ficado por um tempo no Pronto Atendimento, entrando na fila de espera por vaga numa UTI, conseguida em Nova Mutum, onde veio a óbito. Deixa quatro filhos: Agnaldo e Elizabete, residentes em Castanheira, Elisângela em Cuiabá e Edenir, que trabalha numa fazenda em Juruena. E quatro netos, que certamente se lembrarão com orgulho da avó.