Em muitas rodas de conversas na tarde desta segunda-feira, 22, em Castanheira, voltaram as lembranças do tempo em que o mato predominava onde seria um povoado, ligado a Juína, e mais tarde um município. Entre os desbravadores estava José de Jesus Leite, que acabaria sendo mais conhecido como Zé Donato, por ser filho de Donato Ferreira Leite.
Para Juvenal Brito de Miranda, seu vizinho por mais de 20 anos, no Bairro Guadalupe, ele era o “Zé” mais conhecido de Castanheira. Mineiro de Poções, onde nasceu em 26 de novembro de 1962, repetiu a saga de seus conterrâneos que deixaram o Estado natal, a partir da segunda metade do século passado, para desbravar as terras do noroeste de Mato Grosso.
Em Castanheira construiu uma história que gerações futuras contarão. “Era um cabra bão, sempre disposto a pegar junto no serviço”, destaca Alex Sandro Kegler Ângelo, um de seus parceiros na Secretaria de Obras da Prefeitura Municipal, onde trabalhou desde 18 de janeiro de 2002, na época do Dr. Jorge Arcos. "Sempre trabalhou com amor e dedicação, grande perda, pessoa querida por todos", reforça a ex-prefeita, Mabel de Fátima. "Um grande colaborador da Secretaria de Agricultura", registra Nicoli Pereira, lembrando o apoio que estava dando à sua pasta.
Apesar de ser um dedicado servidor municipal, carpinteiro de profissão e uma espécie de faz-tudo, Zé Donato tinha o seu lado folclórico. Nas festas da comunidade fez história comandando, com o amigo Abdias Liberato, falecido no dia 20 de dezembro de 2020, os populares leilões do “tudo um pouco”, que distribuíam frangos, leitoas assadas, bolos, etc. Deste amigo ganhou até um bordão: “Pegou fogo a caixa d’agua, 10 reais é do Zé Donato”.
Alex lembra que ele também foi um homem do Rádio. Na extinta Rádio Happy Day, apresentava a partir das cinco horas da manhã, um programa radiofônico que lhe deu outra referência: o homem dos abraços, pois costumava mandar abraço para todos os ouvintes. “Era o JJL, tinha um vozeirão!”, destaca.
Amigos também lembram o seu lado pacífico. Embora se reunisse frequentemente com amigos nos bares da cidade, nunca alguém ouviu dizer que tivesse algum tipo de problema relacional.
Muito ativo, ultimamente queixava-se de alguns limites físicos, mesmo assim nunca deixou de trabalhar. Nesta segunda, não foi encontrado em várias tentativas de contato feitas pelo vice prefeito Jandir Scheffler, para tratar de questões relativas a uma frente de obras. Na volta do almoço, amigos de sua equipe de trabalho perceberam que sua motocicleta estava no mesmo local onde deixara, pela manhã. Procurado, foi encontrado sem vida. Ele enfartara. “Morreu fazendo uma das coisas que mais gostava de fazer: trabalhando”, disse um deles.
Considerando a relevância de sua história para o município de Castanheira, a Câmara Municipal, através de seu presidente, Lourival Alves da Rocha, suspendeu a primeira sessão ordinária prevista para esta segunda. Por seu turno, o prefeito municipal, Jakson de Oliveira Rios Júnior, o Juninho, decretou luto oficial no município por três dias.
Deixa a esposa, Maria Marlene Bonfá e os filhos Jeferson, Wanderson e Andrieli.