Luto por Gilson Neneve: "Era um homem extremamente honesto"

RESUMO DA NOTÍCIA

Funcionário da Rezzieri, Secretários de Obras, Vereador, Taxista. E pioneiro. Assim era Gilson Nenevê, mais uma vítima lamentada da Covid em Castanheira.
O canto de um Urutau, neste domingo, 23, numa mata das terras dos Rezzieri, nas proximidades da cidade, parecia mais triste do que em outros dias. Como reza uma lenda que seu canto tem vários significados, um deles a tristeza pela morte de alguém, talvez tenha sido uma homenagem póstuma a Gilson Gabardo Neneve.

Gilson, que completou 63 anos no último dia 19 de abril, é a mais recente vítima da Covid 19 em Castanheira. Na sua luta contra o vírus cruel, tudo foi muito rápido. O resultado saiu no dia 7 de maio. Nos primeiros exames, mostrava-se otimista. “Tô bem”, disse a um dos familiares, depois de um exame de tomografia. “Mas, não deu!”, revelou em desalento um amigo, ao final da manhã deste domingo, quando seu corpo foi sepultado.

Uma das tristezas das mortes por COVID 19 é que não existe tempo para os adeuses. E Gilson merecia. Desde o início de sua trajetória em terras castanheirenses, antes da emancipação do município, fez história como um homem trabalhador e com uma qualidade cada vez mais raras nos dias atuais: “era extremamente honesto”, revela Jô Neneve, referindo-se ao irmão mais novo de seu pai, numa família em que quatro ainda vivem. 

Como muitos dos pioneiros, foi atraído pelas notícias de que um lugar de oportunidades começava a se constituir, no noroeste de Mato Grosso. Em Castanheira foi funcionário da Madeireira Rezzieri, Secretário de Obras e vereador. Mas, foi como taxista que construiu boa parte de sua história, sendo conhecido pela paciência e carinho no trato com as pessoas. 

Se viveu a tristeza de acompanhar o sofrimento da esposa, Clair, falecida há 10 meses, foi poupado em saber da morte de um de seus queridos sobrinhos – ao todo são 14 -, Adilson Neneve, que faleceu da mesma doença há uma semana no Estado do Paraná, terra dos ancestrais da família, e onde Gilson nasceu, na cidade de Laranjeiras do Sul.

Gilson deixa a filha Luana e dois netos, Luan e Kauã e boas lembranças do seu jeito simples de ser. A rede da varanda em sua residência, na Rua João Brasil, será, doravante, uma lembrança inapagável de sua presença e de seu jeito de ser, como um pai amoroso e um avô cuidadoso. Será lembrado também pelos churrascos. “Era apaixonado por uma boa carne”. Valeu Gilson!!!