Luto: Sabino, o homem que sonhou encontrar uma pedra preciosa

RESUMO DA NOTÍCIA

Morre mais um dos homens solitários de Castanheira, mas que deixa uma história.
Ele não era “sem eira nem beira”, porque apesar de solitário nas terras castanheirenses, desde 1985, quando chegou, trabalhou enquanto pode, inclusive na Sansão, formou amigos e até foi padrinho de um casamento. 

Essas referencias iniciais são de Sabino Santana dos Santos, o terceiro cidadão muito conhecido na comunidade a falecer neste ano, tendo em comum o fato de não ter referências concretas de familiares. No caso de Sabino, sabe-se que era um baiano com alma gaúcha, pois não deixava o chimarrão de lado, e que viveu alimentando o sonho de encontrar uma pedra preciosa. 

Na Fazenda Nova Canaã costumava montar um barraco e sair a procura de algum minério, utilizando técnicas manuais. Não encontrou, mas foi rico pelo menos na leitura que a família de Noeli da Silva Gonçalves, da qual foi padrinho de casamento, fazia dele como uma pessoa simples e que não teve medo de enfrentar o primeiro grande problema historicamente do homem, a solidão.

Como se estivesse prenunciando a morte, se deteve nos últimos dias, em pedir alguns agrados. Com Noeli,  queria tomar um chimarrão, hábito que adquiriu na convivência com os sulistas da terra. Das cuidadoras da Casa Lar manifestou que desejava comer pudim e pastéis. E assim foi feito. 

Como os outros dois solitários abraçados por esta instituição ligada a Assistência Social do município, em fase de consolidação, que seguiram trilha da eternidade neste ano - Antônio Soares da Silva, o Ceará, e Francisco Joaquim da Silva - teve seus últimos dias e horas marcados por muito carinho. E na morte, a solidariedade de uma cidade que tem entendido que este bem deve cumprir um ciclo completo, indo até o último ato. 

Sabino passou um período difícil antes de voltar a Castanheira, ficar sob os cuidados da equipe da Casa Lar, no Bairro Guadalupe e fazer seus últimos pedidos, estando hospitalizado por dias, em Juína, na UTI, com problemas de saúde comuns a maioria dos que avançam na idade. Estava com 74 anos, tendo nascido em 10 de novembro de 1948. 

Até pela construção de sua história, nesta terça-feira, 15, quando seus dias terminaram, foi velado na Casa da Saudade e sepultado no Cemitério Bom Jesus às 17 horas, sendo seguido no trajeto por um pequeno cortejo.