Preconceito: dois casos no contexto da Covid 19

RESUMO DA NOTÍCIA

Fato aconteceu na Bahia, mas registramos a propósito da necessidade de lutarmos contra este tipo de postura. Lamentável...
Uma enfermeira voluntária denunciou um homem que se recusou a ser vacinado contra a Covid-19 por ela ser negra, em Ilhéus, na Bahia, na última segunda-feira (17). A estudante de enfermagem Thaís Carvalho ajuda, de forma voluntária, a vacinar pessoas no bairro Jardim Savoia. As informações são do telejornal BATV.

“O senhor, que estava acompanhado da filha dele, e ela pediu para que a gente fosse vaciná-lo no carro. Eu falei assim: ‘O senhor quer que eu te vacine logo? O senhor é o próximo’. Ele falou que não. Aí eu perguntei: ‘O senhor já fez a ficha?’ Ele: ‘Meu filho está fazendo a ficha, mas você não’. Aí eu abaixei na direção dele e perguntei o motivo. Aí ele virou para mim e disse: ‘Porque você é negra'”, disse a enfermeira ao BATV.

A enfermeira não conseguiu identificar o paciente, mas mesmo assim decidiu registrar um boletim de ocorrência sobre o caso, na tentativa de que ele seja identificado pela polícia.

“Eu fiz a vacinação e voltei. Ele já tinha saído da sala de vacina, tomado a vacina dele. Na hora, não tive reação. Eu sempre pensei que se isso acontecesse comigo, eu ia reagir de tal maneira, mas não consegui. Eu me senti totalmente impotente”, disse a jovem.

O secretário de Saúde de Ilhéus, Geraldo Magela, repudiou o fato e agradeceu a enfermeira por se voluntariar para participar da vacinação contra a Covid-19.

“Mesmo em um país miscigenado, com uma população bastante miscigenada, a gente ainda observa comportamentos como esses, que deveriam ser abolidos da sociedade. Nós devemos apoiar totalmente essa funcionária e agradecê-la por estar como voluntária no processo de vacinação”, disse Magela.

Outro caso

Em março último algo semelhante já havia acontecido, mas com uma mulher. Ela impediu que a mãe fosse vacinada contra a Covid por um técnico de enfermagem negro, em Taquaritinga (SP), segundo a Prefeitura. O caso, ainda de acordo com a administração municipal, aconteceu na tarde de uma quarta feira, 1º de março, quando as duas estavam de carro na fila do drive thru, no Ginásio de Esportes.

O profissional de saúde relatou à Prefeitura que se aproximou para aplicar a dose na idosa, mas foi impedido de vaciná-la pela filha, que disse “não chega perto da minha mãe".

Com a recusa, o profissional contou que entregou os documentos da idosa a um colega, que fez a aplicação. De acordo com a Prefeitura, só depois de contar a ele o que tinha acontecido é que o técnico de enfermagem percebeu que a mulher havia impedido a vacinação por causa da cor da pele dele.

De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, ao tomar conhecimento, o secretário municipal de Saúde, José Fonseca Neto, ficou indignado e cogitou a hipótese de interromper a vacinação para tentar identificar a mulher, mas desistiu por causa do grande fluxo de pessoas no posto.

Como a mulher não foi identificada, não foi possível o registro do boletim de ocorrência na Polícia Civil, informou a Prefeitura. No entanto, a administração municipal analisa imagens de câmeras de segurança para localizá-la e tentar esclarecer o episódio.