Eles são absolutamente essenciais nos cenários de tratamento da Covid 19. Criticados por alguns, que dizem tratar-se de um profissional que não conseguiu passar em medicina, desempenham uma carreira que vai muito além desta, porque têm que estar preparados para todos os tipos de situação numa unidade de saúde. Quem são eles? Os enfermeiros!
Neste 12 de maio, celebra-se o Dia do Enfermeiro, por ser o dia do nascimento daquela que é conhecida como “a mãe da enfermagem”, Florence Nightingale (1820-1910), que recebeu grande destaque em meio à Guerra da Criméia (1853-1856), na Europa. No cenário da guerra ela deu assistência a pessoas com graves ferimentos e treinou pessoas para a enfermagem.
Em Castanheira seis profissionais têm formação superior na área: Ana Paula Licheski de Oliveira, Ana Paula Vargens, Fernando Sanguebeche, Leandro Tenório, Mabel de Fátima Milanezi Almici e Rosimeire dos Santos.
Ana e Leandro
Uma das mais jovens a atuar na área, Ana Paula Licheski, formada pelo Centro Universitário de Varzea Grande (UNIVAG), além de atuar no PSF Rural, é responsável pela área de imunização. Mas, já acumula experiências que nem sempre alguns enfrentam. Na linha de frente da COVID 19, já passou por experiências dolorosas que alguns só acompanham na vida de outros. Perdeu a mãe, Zenira, e assistiu ao pai, Ivan Justino, na UTI, numa experiência de quase morte.
Ana Paula lembra que foi despertada, para a profissão, acompanhando a rotina da mãe, técnica em enfermagem, desde pequena. Destaca o ato de ver a dor do próximo como o lado mais difícil de sua rotina. Nunca imaginava, porém, que ela própria viveria um sofrimento agudo, numa situação limite do enfrentamento contra um vírus, que tem devastado famílias.
Como Ana Paula, outro profissional castanheirense, Leandro Tenório, formado pela AJES, que atua no Pronto Atendimento da cidade, além deste gosto pelo cuidar, também teve a vocação despertada no ambiente familiar. “Minha avó era parteira”, lembra. Comunga com Ana, como maior alegria, ver um paciente sair de alta e como maior tristeza, não conseguir ajudar a todos, especialmente os que são tratados de Covid.
Categoria em luta
Tanto Ana como Leandro compartilham de outra tristeza: a não valorização da profissão. O desafio salarial está no topo da categoria, sendo recorrentes as reclamações sobre a baixa remuneração, de norte a sul do país. Em Juína, inclusive, há pouco mais de 40 quilômetros de Castanheira, os enfermeiros estão mobilizados e tem programado ações de cunho reivindicatório.
Quando o assunto é vivências, os enfermeiros, como outras categorias que atuam no contato direto com as pessoas, estão muito susceptíveis a ansiedade e depressão. Durante a epidemia da Covid 19, parte das angústias estão relacionadas a escassez de equipamentos de proteção individual, as chamadas EPIs.
Alguns lembram que "foi necessário a pandemia para mostrar a relevância desses profissionais". Apesar de seus problemas pessoais e uma realidade adversa com um vírus ainda desconhecido, continuam na linha de frente, salvando o maior número de vidas. Como registra Isabela Cagliari, num texto sobre a categoria: “mesmo que isso seja sinônimo de sacrificar a própria”.