Estatísticas já mostram que nunca, em sua história, Castanheira teve tantos dos seus cidadãos enfrentando um rito que tem deixado a exaustão a equipe da Secretaria de Saúde: chega-se no Pronto Atendimento com muita falta de ar, começando uma investigação que, nos quadros mais severos, não resta outra alternativa a não ser o encaminhamento para fora do município, a uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O pior momento do processo, é quando se chega à conclusão que é preciso intubar, pois nessas alturas todos conhecem a estatística mostrando que de cada 3 pacientes internados nesta condição, com a COVID 19, dois morrem.
Logo, quem sobrevive, renasce literalmente das cinzas, fazendo lembrar a saga de Fênix, mas descobre na fé um elemento extraordinário, pois muitos casos de cura não têm explicação racional.
De todos os castanheirenses que tiveram experiências que, no campo religioso podem ser definidas como de um passar pelo “vale da sombra da morte”, as de Daniel Araújo e, mais recentemente, do Dr. Alexandre Herrera de Oliveira, chamam a atenção pelos sentimentos antagônicos que produziram entre os castanheirenses.
Não poucas vezes alguns destacaram que ambos não iam sobreviver. Mas, paralelamente, as manifestações de fé cresciam. Sem diminuir a eficiência das equipes médicas, a fé venceu. “O Senhor fez um milagre em nós”, expressou Raquel Serrano Baldissera, em relação ao esposo, Alexandre. “Só Deus explica a preservação da vida”, disse, de Daniel, Paula Araújo.
Passado o vale, avalia-se a força da solidariedade humana no tempo de angústia. No caso de Daniel, Gabriel Moura lembra que pessoas de vários lugares, além fronteiras, fizeram movimentos em favor de sua vida, especialmente através de orações. “Gente de Portugal, da Espanha, de vários lugares do Brasil, se uniu em prece”, destaca.
Em torno de Alexandre, todos os credos assumiram a dor da família e recorreram por socorro a alguma força maior. “Agradeço ao Arquiteto do Universo por sua recuperação”, celebrou o irmão, Rodrigo Herrera, quando os perigos iniciais terminaram.
Os cenários de um drama
Os cenários de um drama
Nas unidades de saúde, pacientes com Covid 19 em estado crítico chegam a passar mais de três semanas na UTI – muitos deles sedados, com a musculatura paralisada, com respiração apenas com auxílio de aparelhos. “É um cenário muito triste”, avaliam os familiares de Alexandre e Daniel.
Os sinais que aparecem até o final do processo, que termina com a restauração da vida ou, infelizmente, na morte, produzem desconfortos como cansaço, congestão nasal, coriza, dor de cabeça, febre, entre outros.
Mas, nada é mais apavorante do que a inserção de um tubo pela boca ou narina, até a traqueia, que, acoplado a um ventilador mecânico (o respirador), compensa a falta de atividade dos pulmões.
Por representar casos de maior instabilidade, pacientes na UTI precisam ser monitorados 24 horas por dia e as equipes médicas devem estar prontas para intervir a qualquer momento.
O hoje
Daniel e Alexandre já estão em casa. O primeiro, teve cuidados médicos na Santa Casa, de Cuiabá. Alexandre, no Hospital Santa Ângela, de Tangará da Serra. Depois de tudo, certamente terão muitas histórias para contar. Como o processo de cura muitas vezes é lento, o momento deve ser visto, porém, com todo cuidado.