Embora geralmente usado em conexão com a violência psicológica que alguns homens praticam contra as mulheres, o termo “gaslighting” é muito pertinente para definir muito do que se vê, diariamente, nas redes sociais, especialmente nos grupos de whatsApp abertos aos debates sobre questões contemporâneas.
O termo, de forma genérica, designa uma forma de abuso psicológico em que as informações são manipuladas até que a vítima não consiga mais acreditar na própria percepção da realidade.
Com tantas narrativas sobre as questões que movem a vida, é muito comum ouvirmos a pergunta: em que acreditar? Onde está a verdade dos fatos?
Muitas das crises geradas pela manipulação de informações e porque não dizer, da verdade, se devem ao desconhecimento. Poucas pessoas têm o bom senso de checar informações e conceitos. Ninguém, por exemplo, quer saber as origens de algum evento atual que tenha raízes na história, afinal somos uma geração que não gosta de ler, pesquisar, “pois temos os conteúdos dos aplicativos de compartilhamentos”, como disse alguém, referindo-se ao fato de que já vem tudo “prontinho”.
O perigo é que receber uma informação ou absorver um conceito sem o cuidado de checar as origens, gera opiniões e posturas perigosas. Quando compartilhadas, dependendo do interesse, surtem o efeito dominó, tendo o poder de transformar a mentira em verdade, o mal em bem, etc. E aí não tem volta. O caos se estabelece.
A propósito de origens, o termo “gaslighting” surgiu do filme “Gas Ligth” (À Meia Luz, 1944), em que um homem tenta manipular a esposa e todos à sua volta para que acreditassem que ela seria “louca”. No filme, as luzes da casa dos personagens, geradas à gás (“gas ligth), piscavam de tempos em tempos. O homem tentava convencer a mulher de que isso não acontecia e era tudo da “cabeça” dela.
Vivaldo S. Melo