COVID-19: Castanheirenses se dividem entre o medo e a despreocupação

Coronavírus. O assunto é tão polêmico que muitos pedem para não revelar seus nomes, principalmente num município pequeno como Castanheira, com pouco mais de 8 mil habitantes, onde quase todos se conhecem. “Não sabemos quem ouvir”, revela a dona de casa que vamos nominar como Elza. “Independente de tudo, estou com medo”, observa. 

Na verdade, não faltam motivos para este sentimento. J.A., 32, morador em Juína, mas tratando de negócios na cidade, entende que é inevitável o vírus não avançar na região, indicando como uma das razões a liberação de linhas de ônibus. “Em cidades pequenas todos os casos têm relação com viagens, algo que ninguém vai conseguir impedir, pois a vida segue seu rumo”, opina.

Um comerciante, entre uma conversa e outra, lembra que os castanheirenses têm fortes ligações com algumas cidades que já registram casos. Cita como exemplos Aripuanã, São José dos Quatro Marcos, as cidades do norte do Estado, onde ocorreu a primeira morte em Mato Grosso, e Vilhena no Estado de Rondônia, onde muitos fazem negócios. 

Num cenário onde os medos são maiores do que a segurança de que o COVID-19 não avançará, alguém lembra as palavras do Secretário de Saúde do Estado, Gilberto Figueiredo, para o qual “o pior ainda está por vir” quando o assunto é o número de pessoas vítimas da pandemia. 

Segundo ele, para cada um dos 361 casos notificados como suspeitos no Estado, pode haver um número muito maior, numa proporção que chega a 10 por cada um daqueles que já foram confirmados. “Tudo indica que teremos um incremento no número de casos”, disse em recente coletiva. 

“Mortes irão acontecer, são esperadas, mas não é o registro de novas mortes que fará os trabalhos mudarem. Ainda trabalhamos com a possibilidade de um pico da doença no final de abril e começo de maio. E estamos prontos para agir quando os casos tiverem um aumento”, afirmou. 

Em Castanheira

Depois do descarte de três casos suspeitos, o castanheirense ficou mais aliviado. A preocupação de alguns, contudo, é com a despreocupação de muitos em relação as chamadas medidas definidas em protocolo, sobre cuidados que precisam ser observados.

No final de semana várias pessoas denunciaram que muitos promoveram festas e encontros coletivos. “De que adianta a gente se cuidar?”, questiona dona “Elza”. 

A prefeitura municipal, através da Secretaria da Saúde, mantém uma rotina de trabalho em relação ao COVID-19, como reuniões diárias do Comitê de Enfrentamento para avaliação e definição de ações. Além disto está ampliando o número de leitos no Pronto Atendimento, criando um espaço específico para este tipo de atendimento e se aparelhando. Neste caso já comprou um respirador e oito tubos de oxigênio.