Coronavírus: Prefeita deve ou não decretar a reabertura do comércio?

Volta a abrir? Mantém fechado? Busca-se um meio termo entre essas duas alternativas? Esse talvez seja o dilema enfrentado neste momento pela prefeita de Castahneira, Mabel de Fátima Melanezi Almici e todo gestor no país, diante da decisão de fechar o comércio das cidades, como medida preventiva em relação ao avanço do coronvírus.

Algumas prefeituras, depois de decretos pelo fechamento, já estão adotando novos procedimentos. É provável que tenha pesado uma das últimas falas do presidente da república, Jair Bolsonaro. No âmago da discussão, tendo do outro lado o posicionamento contrário de alguns governadores, está a tese de que se as coisas continuarem como estão, as pessoas vão morrer de fome. 

A grande verdade é que o Brasil vive um momento de claras divisões em todas as questões. Não apenas em relação ao corona vírus. Se uma autoridade política, seja qual for, dizer que a água do Rio Juruena é salgada, haverá quem concorde. E, obviamente, aqueles que discordam. E aí, nas redes sociais, pessoas do bem, alinhadas dos dois lados, se enfrentam o dia todo nas redes sociais. Em alguns momentos, se tornam más. 

Voltando a questão do comércio, temos como exemplos da mudança de posicionamento, a decisão do prefeito de Tangará da Serra, Fábio Martins Junqueira, de anunciar a reabertura parcial do comércio da cidade. São “pouco mais de 10 segmentos”, segundo nota, que a partir desta quinta-feira, 26, voltam a abrir as portas, entre eles oficinas mecânicas, lojas de auto-peças, lava jatos, borracharias, casas de materiais de construção, marcenarias, serralherias, lojas de materiais elétricos, escritórios, clínicas, cabeleireiros e barbearias. Em Sinop foi tomada a mesms decisão. 

Em Barra do Bugres a decisão contempla o comércio em geral, com medidas restritivas de comportamento, como atendimento individual, espaçamento de 1.5 metros entre pessoas, acesso interno aos ambientes de forma organizada, entre outras.

No primeiro caso, certamente vão perguntar “por que não se abre tudo logo?”.  No segundo, a questão é de nossa cultura. Será que esses cuidados na prática funcionam? Se com o distanciamento entre pessoas recomendado por normas sanitárias as pessoas comprovadamente já aproveitam para se comprimir ainda mais, com 1.5 metro não seria melhor abolir logo?

A verdade é que todos vivem mais do que um dilema, considerando-se que muitas dúvidas ainda pairam sobre a corona vírus. Em qualquer decisão que se tome, como essa de abrir ou não o comércio, haverá conflito de ideias. Um exemplo está em consulta feita pelo site Juina News sobre o tema. Entre as opiniões divididas, acaba sobrando – e muito! – para o prefeito da cidade. De repente vai aparecer até quem o culpe pelo COVID-19, diante de tanta insensatez publicada nas redes sociais. Talvez seja importante, nesta hora, lembrarmos de uma velha máxima que norteia posicionamentos contrários: Nem tanto ao mar. Nem tanto a terra. 

É certo que se o comércio parar por muito tempo, surgem problemas na economia. Em Castanheira já tem gente perdendo emprego, como professores contratados, por exemplo, até porque, em alguns cenários onde a crise não deveria ter reflexos, políticos se aproveitam. Quem não gosta de investir em educação, por exemplo, se aproveita de crises como essa, gerada pelo COVID-19, para colocar em prática seus pensares. 

Em outra ponta, precisamos entender que existe uma endemia em curso. Se no Brasil não está havendo tantas mortes como em outros lugares, que bom! Aleluia! Mas, não devemos baixar a guarda. E nem dizer, depois de tudo, que o tal vírus não era nada, afinal milhares estão morrendo. E como solidariedade não tem geografia, devemos ser empáticos no momento.  Alguns cuidados são necessários, independente das opiniões conflitantes. Cuidados que muitos castanheirenses, mesmo com as restrições (ainda) de momento, não querem observar. Acham que são donos de seus narizes, quando, em questões públicas, até por serem públicas, respeitar o outro é um princípio inalienável.