Carros, ônibus e carretas atolados, na BR mais mal falada do país – sem exageros! – e postos de gasolina com pátios cheio de veículos, numa espera que pode durar semanas. Essas cenas devem prevalecer nos próximos dias, especialmente entre Castanheira e Juruena, no noroeste de Mato Grosso, conforme indicações dos serviços de metereologia. As previsões não são boas para o final de semana: muita chuva durante o dia, no sábado, 29, registra o Clima tempo. No início da outra, aumento de nuvens pela manhã e pancadas de chuva a noite, prevê do domingo.
O drama, reproduzido em sites, rádios e TV’s há anos, tem ganhado proporções alarmantes em 2020, diante do denso período chuvoso e tem relação com o péssimo estado de conservação da BR MT 174, mesmo com a presença de equipes permanentes de manutenção. As imagens chocam quem não conhece a região. Nas últimas horas, o trânsito foi interrompido, com o transbordamento do Rio Vermelho, a 20 quilometros de Castanheira.
Sem poder fazer nada, por conta da chuva, equipe do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes, DNIT, acompanha o nível das águas para voltar a intervir na manutenção do trecho, visando assegurar a trafegabilidade na rodovia.
No Auto Posto Castanheira, maior ponto de concentração de motoristas, o clima de angústia só é atenuado pelos fortes vínculos da classe. Histórias e mais histórias rolam de boca em boca, enquanto as boas notícias, cada vez mais raras, não chegam.
Na fila dos que contam as horas pra voltar à estrada, Alessandro Souza Pereira, 38, de Arenápolis, espera chegar a Colniza, para transportar bois da Fazenda Rio Norte para a Tupanã. “Só Deus para intervir por nós”, diz, expressando um sentimento corrente entre seus companheiros.
Claudio Alves da Silva, 43, de Brasnorte, carrega adubo de Rondonópolis à Coloniza. Já chegou a ficar 15 dias parado, em Nova União, depois de quebrar uma ponta de eixo. Ailton Antoniele, 49, que transporta gado de Colniza para Nova Lacerda, conta que recentemente ficou 8 dias na estrada, com um grupo de outros 11 carreteiros, a espera de reparos na estrada, nas proximidades de um morro. Ezequiel Nandi Bertoline, 30, é mais novo nesta rota. Quando perguntado sobre qual o maior problema que tem enfrentado, responde, rapidamente, entre risos, que “é a estrada”.