Um vídeo, postado a partir de Castanheira, provavelmente direcionado a uma pessoa, mas vazado, estaria repercutindo “no Brasil”, conforme revelado por um amigo, dizendo “pelo amor de Deus” para não revelar seu nome.
Além do vídeo, circulam nos WhatsApp’s da vida, áudios (acho que não se trata de produção da IA) de conversas de um grupo de mulheres castanheirenses, alimentando a fofoca. E, claro, não faltam outros e outros para repercutirem os conteúdos. Dá ibope! E tem os que lucram muito com este tipo de informação/deformação. Os mais “cuidadosos”, depois de enviarem para os “de confiança”, costumam reproduzir a prosa do cidadão que encontrou uma galinha que botou um ovo de ouro: “vou te falar, mas não conte pra ninguém...”. Era um ovo, e quando a cidade acordou, todos já falavam, num tempo que não havia internet, da galinha que teria botado “12 dúzia de ovos”. Nesta prosa sobre um episódio no Cemitério – logo no Cemitério! – as versões se multiplicam, pois cada um aumenta um ponto.
Penso que são dois exemplos – o vídeo e os áudios - típicos dos dias que vivemos, onde a reprodução de narrativas, objetivando o mal - muitas das quais comprovadamente fakes News, neste caso tomadas, absorvidas, cridas como verdadeiras e multiplicadas aos milhões sem qualquer piedade - expõem, de forma muito clara, o que estamos nos tornando.
Mesmo que os envolvidos pelos fatos sejam responsáveis por algum ilícito, a imediata repercussão, a partir de muitos cidadãos que dizem amar a cidade (e alguns até a Jesus Cristo!) deveria promover reflexões sobre “até onde chegamos”.
Como jornalista – e não como pastor – escrevo para órgãos de São Paulo, Juína e Castanheira, frequentemente, por questão de sobrevivência, e para outros lugares de forma menos frequente. Sei que uma tendência atribuída aos nossos tempos acompanha o homem, desde os tempos mais primitivos: o gosto pelo maldade. Por isto Salomão diria, diante de tanta balbúrdia: “Nada novo debaixo do sol”. Na leitura que faço, isto se deve a inerência do pecado, desde a origem do mundo. E percebo isto a partir de mim, o que resulta em lutas contínuas para “não tomar a forma”. Respeito, contudo, outros pensares, afinal, preciso ouvir, aceitar e respeitar o outro.
Nesta ocupação diária em escrever, inclusive textos que não gostaria de fazer, como alguns, policiais, me preocupo em respeitar limites e entender que sem a compreensão das origens, podemos nos tornar tão perversos quanto aqueles que criticamos e desenvolvemos outras ações em desfavor. Exemplo: Quem vive no conforto, tem ou teve formação em boas escolas, lares estáveis, recebe carinho, etc., não sabe o que é a vida de quem cresce ou cresceu sem nada disto. Daí, entender que devemos pensar muito antes de escrevermos ou falarmos qualquer coisa, especialmente os chamados “influenciadores”, a maioria de fundo de quintal.
Voltando ao foco, as pessoas envolvidas no fato que estaria correndo de celular para celular, notebook para notebook e até – ainda – de boca em boca – talvez não sejam perfeitas, na análise que muitos, nestas horas fazem. Aliás, ninguém é. Mas, quem pode atirar uma pedra? E mesmo que os adeptos do “tô nem aí” concluam que é correto fazer o que estão fazendo – eu discordo – como não lembrar das três peneiras de Sócrates: edifica, ajuda, contribui repercutir?
Não sou advogado de ninguém, mas gostaria de me deter, neste final de “textão”, na mulher que se machucou no Cemitério e teve que ser atendida por uma ambulância que, por seu turno, também precisou de atendimento. É preciso ter em mente que ela tem família. Se é mãe, como as “bem intencionadas mulheres das prosas virtuais” dizem, tem filha. Se é avó, como citam, tem netos. O cidadão da ambulância é funcionário, tem família. Logo, onde está a honra em tornar o fato um “assunto nacional”, como me disse um amigo? Oras! Me poupem! Se eu fosse de xingar, coisa que meus pais ensinaram não fazer e o apóstolo Paulo concorda, quando diz “não saia de vossa boca nenhuma palavra torpe”, eu xingaria. Logo, não me tentem, mandando este tipo de vídeo e áudios.
Em tempo: gostaria muito que as coisas boas de Castanheira tivessem a mesma repercussão...
Vivaldo S. Melo
Vivaldo S. Melo