Ainda neste sábado, 07, João Bernardes Filho, mesmo com 81 anos de idade, fez algo que durante muito tempo foi um meio de trabalho e mais recentemente uma forma de entretenimento, nos limites do Sitio São João, na antiga AR 1, no sentido Juruena, a poucos quilômetros de Castanheira: andar a cavalo.
Como tinha muito a dar aos filhos, netos e bisnetos, conforme lembra o amigo Leonardo, um dos mais próximos, sua morte, neste domingo, foi uma surpresa, pelo dinamismo que desfrutava em ditosa idade. Mas, confirmou-se em poucos segundos, o que um profeta já dissera, num passado longínquo, que o coração é enganoso, inclusive na hora de parar.
Mineiro de Coqueiral, estabelecido em Castanheira desde 1984, foi em vida, ao lado da amada Maria Célia Bernardes, com a qual completaria em março 60 anos de parceria, um daqueles homens que sinalizam com esperança para a vida em sociedade, pelos valores, fé e exemplo de vida demonstrados.
Na Casa da Saudade, na medida em que as pessoas foram chegando para os primeiros momentos de despedida, lembranças não faltaram. Em suas terras, por exemplo, aconteceram os primeiros Rodeios de Castanheira, a partir de 1987, e uma das festas comunitárias mais alegres do município, a celebração do São João.
Desafiados a falarem, os filhos deixam em evidencia que a cidade perde uma de suas melhores referências: “Tudo o que aprendi foi com ele e dele tive inspiração para o fazer” (Clelson). “Amigo, companheiro, um homem muito bom” (Gilson). “Um exemplo para a família, sempre disposto a ajudar” (Cleonice).
Entre os amigos, João Bernardes deixa as melhores impressões. Luis Carlos, o Miquito, diz estar perdendo um protetor, uma pessoa do bem, recordando a forma carinhosa de referir-se a ele: “meu companheiro”. Leonardo já fala em saudade.
Edilaine Bastos, uma das sobrinhas, lembra o lado brincalhão do tio, que costumava dizer “tenha juízo”, a cada despedida. Ela, por seu turno, respondia com um “se cuida!”. Lize, nora, destaca que o sogro é uma daquelas pessoas que a gente não sabe como viver sem.
Entre os hábitos que não serão esquecidos, todos lembram o café da tarde, chamado mineiramente de “cafezinho margoso”, acompanhado de gostosuras como um bom queijo, goiabada ou bolinho de polvilho. Era pontual neste momento, que acontecia sempre às 15 horas. “Coisa de mineiro”, dizia. Da fé, como o patriarca Jó, tinha o costume de interceder, todos os dias, pelos filhos e sua descendência.
Dos sonhos realizados, o maior, recentemente, foi a chegada da pavimentação asfáltica em suas terras, depois de décadas de promessas, na MT 174. Dos não realizados, familiares destacam a viagem que faria, em breve, numa rota de retorno às suas raízes, entre São Paulo e Minas. "As passagens já estavam compradas!", observam.
Dos sonhos realizados, o maior, recentemente, foi a chegada da pavimentação asfáltica em suas terras, depois de décadas de promessas, na MT 174. Dos não realizados, familiares destacam a viagem que faria, em breve, numa rota de retorno às suas raízes, entre São Paulo e Minas. "As passagens já estavam compradas!", observam.
Que as preces por consolo, diante de tão grande perda, amenizem a dor de todos que conviveram com este que foi, em vida, “gente boa demais”, conforme lembra Vanderlei dos Santos.