As aulas do ano letivo 2022 na Rede Municipal de Ensino (e outras) tiveram início nesta segunda-feira, 14. O cenário da volta não é fácil. Com a Covid, alguns dos problemas observados em municípios pequenos, como Castanheira, são comuns até em países de primeiro mundo. No Estado do Novo México, por exemplo, nos EUA, diante da falta de professores – muitos foram infectados com a Covid – a governadora, Michele Lujan Grisham, tem dado aulas, numa sala de primário.
Quem critica o funcionalismo público, deveria acompanhar de perto o cotidiano dos agentes da educação (e de outros setores, claro). Pensaria duas vezes antes de articular alguma crítica. As mensagens nos grupos de WhatsApp são de “endoidecer gente sã”, como diria Renato Russo. Secretário Municipal que se propuser a atender as demandas de algumas pastas, não trabalha apenas no horário de expediente. Tem que estar disposto a ir para o sacrifício.
No caso da educação, o desafio começa com a composição do quadro de professores, motoristas e demais profissionais, que deve seguir o regramento da lei. Quem fala em apadrinhamento, delira.
Neste cenário, existe um agravante universal: o contágio da Covid, que tem inviabilizado o trabalho presencial de muitos. E tem outras doenças. Servidores são humanos! Seo Adão, por exemplo, de comprovada competência, sendo um abnegado trabalhador, por ir além dos deveres habituais, está enfermo. O “volta Seo Adão” clamado por alguns, talvez nem aconteça. A propósito dele, que é motorista de ônibus escolar, importante lembrar que os ônibus também quebram, pois, as rotas diárias incluem milhares de quilômetros em estradas vicinais que, por mais que sejam bem cuidadas, nesta época do ano desafiam até os mais habilidosos. "É preciso ter coragem para enfrentar alguns trechos", diz um deles.
Não bastasse tudo isto, tem a importunação daqueles que acham que é dever do município pegar cada aluno na porta de casa, em sedes de propriedades rurais que distam quilômetros das vias de acesso comum. Já imaginaram, se isto fosse regra, num caso típico que envolve a contrapartida do cidadão? Há quem lembre, com saudade, dos tempos em que as caminhadas eram longas, até a escolinha, e todos se punham na estrada com animação e muitas histórias para contar. Não existia “chororô”.
A lista dos desafios diários do setor é longa, incluindo a responsabilidade da gestão pública de manter seus espaços em dia, com reformas contínuas, uma vez que a consciência de uso do alunado é outro assunto complicado, que merece reflexão. E nisto, muitas vezes, eles seguem o exemplo de casa. É fora do tema, mas como não citar o lamentável caso do lixo jogado hoje em várias partes da cidade por muitos cidadãos que cobram responsabilidades, mas não fazem o chamado dever de casa? Se "tal pai, tal filho" ou se "filho de peixe, peixinho é..." sobra pra quem?