Quando este sábado, 19, chegar, Castanheira terá vivido a semana mais triste de 2022, e muitos se lembrarão que, coincidentemente, a comunidade viveu neste período, começando em março, no ano passado, talvez o pior período de sua história no que se relaciona a perdas, quando a COVID atingiu pico de óbitos. Não por pandemia, mas por outras razões, foram quatro perdas lamentáveis desde o último domingo.
Na terça, 15, uma das mais lamentadas. Falecia naquele dia, às 07:20, Alzira Oliveira de Araújo, aos 69 anos de idade, já fragilizada por uma doença. Este limite, contudo, nunca a impediu de estar presente num espaço que sempre estará
ligado à sua história, a Mercearia Serra Azul, existente desde 1990, referência daquele socorro de última hora, especialmente quando muitos pontos comerciais estão fechados.
ligado à sua história, a Mercearia Serra Azul, existente desde 1990, referência daquele socorro de última hora, especialmente quando muitos pontos comerciais estão fechados.
De dona Alzira ficam muitas lembranças. A três filhas – Cleonice Regina, Rosângela Marina e Carmen Eliane -, destacam seu bom exemplo como mulher, mãe, avó, cheia de determinação. “Mesmo nos dias mais difíceis, ela sempre estava ao nosso lado, nos animando; sempre foi um exemplo para nós”, revelam, concluindo: “carregamos conosco uma parte dela, que foi a maior honra que poderíamos ter”.
Natural de Astorga, no Paraná, nascida em 13 de agosto de 1953, teve 52 anos de convivência com o esposo Manoel Messias de Araújo (casaram em São José, PR) seu companheiro de lidas na Mercearia Serra Azul, espaço onde muitos alunos costumavam passar, ao longo do dia, buscando guloseimas. Gostavam de ser atendidos por ela.
Vivendo há décadas em Castanheira, incorporou os traços da cultura local e manteve aquilo que já trazia consigo dos tempos de vivencia no sul do país. Por aqui, como muitos tem um pedacinho de terra, conseguiram o seu, uma Chácara, onde gostava de se fazer presente. Cozinhar e cuidar de suas plantas, eram outras práticas habituais.
Católica, absorveu das idas e vindas frequentes a Igreja um princípio universal do cristianismo, pinçado por algum teólogo de um conceito paulino na carta bíblica de I aos Coríntios 10.13, segundo o qual “Deus não dá a seus filhos uma carga que não possa suportar”. Sua resiliência diante de um CA maligno era uma lição de vida. “Mesmo adoentada, estava sempre feliz e nos inspirando a ser pessoas idôneas e determinadas”, dizem as filhas.
Como os bons exemplos produzem reflexos em gerações, além das filhas os netos Rogério, Carla, Kauane, Patrícia e Luiz Carlos e os bisnetos Amanda e Enzo certamente terão em quem se mirar, na medida em que o tempo for passando. A propósito, se o tempo desta guerreira passou, não passarão, jamais, os frutos das sementes que plantou em mais de quatro décadas de presença em Castanheira.