Como não lembrar, nesta quarta-feira, 16, o poeta e dramaturgo alemão Bertold Brecht, em sua página memorável e histórica sobre alguns homens especiais que passam pela terra, definindo-os como “imprescindíveis?” Castanheira perdeu um deles, depois de mais uma luta, em sua história, como lhe era peculiar, desta vez contra a morte. Ela contudo, numa linguagem bíblica, “o tragou” por volta das 04h30 da madrugada.
Altamiro Cândido da Silva já tem seu nome na história, não apenas por ser um valoroso trabalhador e um político diferenciado, mas pelas virtudes que lhe eram inerentes, muitas das quais lembradas por todos neste dia. Um exemplo está no fato de ser respeitado por todos os vieses políticos, nestes tempos em que as pessoas se dividem ao ponto de perderem amizades e coisas mais caras, movidos por paixões partidárias
“Pra sempre será minha referência de bondade, honestidade e de família”, diz o neto caçula Adelson Júnior. “O conheço há mais de 30 anos, e digo que era raro encontrar alguém como ele, humilde, correto nos negócios e sempre disposto a ajudar o próximo”, destaca o vereador Juares Máximo da Silva. “Melhor pai que Deus podia ter dado para nós, melhor avô, melhor esposo para minha mãe, melhor irmão, todos os irmãos amam ele”, observa a filha Silvani Candido da Cunha, endossando um coro de manifestações que fortalecem o conceito de um bom homem.
Um pouco de história
Goiano de São Luiz dos Montes Belos, nascido em 1951, no seio de uma família de 12 irmãos, sendo o mais velho, “Seo” Altamiro chegou em Castanheira em 3 de agosto de 1984, ou seja, quatro anos antes da emancipação do antão distrito, na rota de muitos pioneiros, a partir de Araputanga, no sudoeste de Mato Grosso, onde residiu a partir dos 12 anos.
Na nova terra, com Dona Adélia Ferreira da Silva, sua fiel companheira, criou os filhos Silvani Candido da Cunha e Divino Cândido da Silva, viu crescerem os netos Lipson, Vanessa, Altamiro Neto, Lídia, Marcela e Adelson Júnior e fez das lidas com a terra, na Fazenda, na Linha São Roque, a 30 quilômetros do perímetro urbano, parte de seu cotidiano.
Paralelamente à vida no campo, “Seo” Altamiro militou na política, tendo sido vice-prefeito em duas ocasiões (1997 a 2000 e 2013 a 2016) e, como tal, ocupou a função máxima do executivo em algumas ocasiões. No legislativo foi seu primeiro presidente, no biênio1989-1990, tendo atuado, também, como 1ª Secretário, de 1991 a 1992.
Nesta terça feira, num de seus últimos momentos, já extremamente debilitado fisicamente, ainda teve um momento feliz e emocionante, ao receber o pai, Francisco Cândido da Silva, hoje com 94 anos, que veio visitá-lo. Foi a última prosa entre pai e filho.
Católico, devoto de Nossa Senhora Aparecida, tinha, além da esposa, filhos, netos e bisnetos – são três: Davi Luiz, Matheus Lopes e Maria Alice – duas grandes paixões: cuidar de suas criações, supervisionando-as especialmente no lombo de um cavalo, e torcer para o seu time de futebol do coração. “Era fanático pelo Santos, assistindo todas as partidas”, lembra Adelson.
Homenagens
O prefeito de Castanheira, Jakson de Oliveira Rios Júnior, destaca que Altamiro sempre foi uma referência no município. “Homem cristão, excelente amigo, bom pai de família e um político honesto”, diz, observando que está decretando três dias de Luto Oficial no município.
Nota oficial da Câmara Municipal, assinada pelo presidente Amilcar Pereira Rios, registra que o legislativo recebeu com tristeza o anúncio do falecimento e manifesta pesar em nome de todos os vereadores e funcionários da Casa de Leis.
O texto destaca sua trajetória na vida pública e lembra que “por ser um cidadão aguerrido nos interesses públicos”, foi homenageado no ano de 2002, recebendo o honroso título de “Cidadão Castanheirense”, através do Decreto legislagtivo nº 03/2002, pelos relevantes serviços prestados ao município de Castanheira.
Despedidas
As despedidas do pioneiro acontecem na Casa da Saudade, onde seu corpo está sendo velado. O sepultamento será nesta quinta-feira, às 09 horas, no Cemitério Bom Jesus.