Alemão: Fragmentos da história de um grande mecânico

RESUMO DA NOTÍCIA

Alguns dizem que dele foi o maior mecânico que já passou por Castanheira. Sua morte marca a história de mais uma semana de muitas perdas no município.
Tigrão. Alemão. De nascimento, na Alemanha, Plinio Luiz Krombrauer. Na medida em que as lembranças dos 10 anos vividos em Castanheira são levantadas pelos amigos e de um dos filhos,  uma referência entra para a história: foi um dos melhores mecânicos que já passou pela região noroeste do Estado.

“Poucos tiveram, como ele, o privilégio de trabalhar em duas grandes montadoras”, destaca Maquinhos Liotto, referindo-se a Mercedes Benz, originária da região de Stuttgart, no seu país de origem, e a sueca Volvo

Do senso da perfeição, adquirido nos vínculos com essas duas montadoras, em núcleos do Paraná, onde a família se estabeleceu ao chegar no Brasil, adquiriu o jeito de mexer sozinho, por aqui, com motores de veículos. “Sabia mexer com qualquer marca”, lembram os que com ele conviveram em Castanheira.

Alemão faleceu na última quinta-feira, depois de sofrer por um ano e dois meses, com problemas de articulação e por último um câncer. Neste tempo chegou a receber atendimento médico em Cuiabá, levado pelo amigo Elias Cavalheiro, e Goiânia. 

Ao ser vencido pela morte aos 57 anos, não conseguiu realizar alguns sonhos pessoais, um deles, o de montar sua própria Oficina. Tinha até adquirido uma área, na Av. Castanheira, nas proximidades da 3E Auto Center, e dito a mãe, Ana Graci Khus Krombrauer, que até dezembro começaria a construir seu barracão. Não deu tempo.  

Quem visita sua última referência em vida, o Auto Socorro e Oficina do Alemão, vai encontrar um de seus xodós: uma Hylux antiga, que chamava de Penélope, objeto de cuidadosa restauração. Por lá também se encontra o velho Monza, com a inscrição “Auto Socorro” nas laterais, com o qual fazia seus deslocamentos pela cidade. 

Além da mecânica, alimentou outro gosto, o da garimpagem, que se limitou a uma ou outra busca. No dia a dia era um homem de hábitos simples, amando da culinária a carne de porco, frita, e um frango caipira com arroz branco. Em tempos de uma corrida eleitoral polarizada que tem levado as pessoas a posicionamentos extremos e separatistas, costumava dizer que odiava política. 

Entre alguns amigos ficou o lamento por não ter havido tempo para o adeus. A pedido de familiares, seu corpo foi trasladado para Apiacás, no extremo norte do Estado de Mato Grosso, onde foi sepultado. Pela excepcionalidade de seu fazer, entra para os anais de Castanheira como um dos profissionais diferenciados que pisou sua terra. Deixou três filhos, dois homens e uma mulher, fruto da convivência com Liane Ferreira