Fragmentos: "Ai de Castanheira se não fosse o leite!', diz pioneiro do setor

RESUMO DA NOTÍCIA

Embora tenha chegado em Castanheira em 1989, Alécio Gonçalves Rios tem seu nome inserido na galeria de pioneiros pelos esforços em favor da implantação do primeiro Laticínio no município e alternativas inovadoras no setor do agronegócio.
O nome de Alécio Gonçalves Rios entra na história oficial de Castanheira em qualquer narrativa que se faça sobre o leite, um dos produtos mais importantes da economia local.

Filho de Montanha, Espírito Santo, nascido em 1957, sua história tem raízes e ligação com a vida no campo em Miguel Calmon, Bahia, onde o pai, Jadiel Nunes Rios tinha aquilo que ele chama de “rocinha”, mexendo com gado, especificamente na produção de leite, sempre ajudado pela aguerrida esposa, Dona Bárbara Gonçalves Rios. Lá nasceu o irmão primogênito, Arrival Gonçalves Rios, em 1956. Os outros dois, Acleide e Anatel, são montanhenses. 

Em 1977 a família mudou-se para Araputanga, na chamada região metropolitana de Cáceres, a 345 da capital mato-grossense, referência estimulante por ser conhecida como “a cidade do leite”. 

Para Alécio, aquele município há de ter lembrança permanente pelo legado familiar. Lá casou-se com Sirley Aparecida Rios, em 1984, e nasceram os filhos Valdi Gonçalves Rios e Alécio Gonçalves Rios Jr., o Juninho, que viriam a ser os grandes parceiros de um projeto que se consolidaria em Castanheira. 

Quando na década de 80 começaram a circular rumores de que novas terras estavam gerando oportunidades de investimentos na chamada Amazônia mato-grossense, dois fatores pesaram na sua decisão de migrar: o entusiasmo do irmão, Arrival, que em 1986 deixara Araputanga rumo a Castanheira, ainda um distrito de Juína, e a morte do pai, Jadiel, no ano de sua emancipação, em 04 de julho. 

“No dia 12 de Julho de 1989 chegamos aqui”, lembra. Naquelas alturas, adiantando-se a mudança de domicílio, já tinha comprado a propriedade hoje conhecida como Fazenda Toca da Onça, destaque em várias homenagens do agronegócio e com histórico vencedor nos tradicionais torneios leiteiros. 

Estabelecido no município, um ano após a sua emancipação, Alécio estava decidido a criar gado de corte, segundo registra histórico da Câmara Municipal, no texto que lhe outorgou, em 22 de abril de 2019, o título de Cidadão Castanheirense

Mas, um amigo dos tempos de Araputanga, Miguelzinho, planejava implantar um Laticínio na região. O projeto era para Juína. “Castanheira é muito pequena”, dizia o empresário. Alécio e Arrival, movidos pelo desejo de somar com o desenvolvimento do município, conseguiram convencê-lo. 

Os dois irmãos estão na base de um negócio que prosperou, a partir da marca Multibom. E quem hoje olha para os dois Laticínios existentes no município, Princesa Alessandra, do empresário Leonir Chaves - remanescente do primeiro- e Casterleite, do empresário Lenoir Maria, com a força que representam para a economia local, lembra deste começo, referenciado para as futuras gerações.

O pioneirismo de Alécio e Arrival tem um registro histórico: os dois primeiros latões, com os números indicativos 1 e 2, atribuindo—lhes a condição de primeiros produtores. “Começamos com pouco, uns 2 a 3 mil litros diários”, destaca Alécio da produção inicial em Castanheira. Deste total, 400 litros diários eram dele. O avanço do setor pode ser medido, hoje, pelas estatísticas. Só a produção direcionada ao Laticínios Casterleite chega a atingir a marca de mais de 30 mil litros diários. 

Empreendedor, diversificou os negócios nos últimos anos. A Fazenda Toca da Onça, além do leite, é referência na região da raça Tabapuã, com alta procura,  produz gado de corte e ovinos da raça dorper, da qual é pioneira. A tradição do leite se mantém por lá, com produção diária de 2.000 a 2.500 litros, mas com uma nota de rodapé do pioneiro: “o litro está muito barato em relação aos custos, especialmente com a ração, a base de milho e soja”.

Homem de fé, preservando a herança dos familiares de vivência na Igreja Presbiteriana do Brasil, da qual é presbítero, modalidade de líder maior numa denominação local, sempre gosta de destacar que a fonte de uma jornada bem sucedida é Deus.

Sobre Castanheira, que já lhe deu dois netos, só elogios. “Não posso me queixar, pois fomos bem acolhidos e viver aqui, sendo uma cidade pequena e tranquila, é muito bom!”. Do leite, gosta de dizer: "ai de Castanheira se não fosse o leite!".