Grazi: A castanheirense que vive frente a frente com a morte!

RESUMO DA NOTÍCIA

O cotidiano de uma agente funerária de Castanheira e respostas sobre assuntos como manuseio de corpos, velórios e funerais, que ganham força nesses tempos de pandemia.
Em 17 de março último ela fez 31 anos. Neste dia, coincidentemente, o calendário define como referência de efeméride (fato importante) o “Dia do Agente Funerário”. Graciele Aparecida Roberto Gomes Carolino é castanheirense e segue a profissão do pai, Carlos Roberto Carolino, hoje residente em Brasnorte, onde é proprietário da Pax São José.

Em Castanheira, além de gerenciar a filial da empresa, é agente funerária, uma profissão que está no centro de várias discussões, no momento, devido uma das ações mais importantes da categoria: o manuseio de corpos. 

Se no cotidiano da vida em sociedade este trabalho já é alvo de preconceito, nestes tempos de “novo normal”, com os reflexos da Covid 19, multiplique-se isto e chega-se a dimensão do que é a vida de quem o faz. 

Apesar de tudo, Grazi, como é conhecida no círculo mais íntimo, surpreende ao dizer que é apaixonada pelo que faz. “Amo meu trabalho, faço com muito amor, carinho e respeito, por entender que é um ato de amor com quem não conhecemos, mas sabemos que tem uma história a ser contada”, diz.

Em sua missão, tem buscado aperfeiçoamento contínuo. É técnica em somatoconservação e tanato-estética. Os termos definem conservação de corpos e morte. Na soma das expressões, encontramos o significado pleno do fazer de Graciele: preparação de corpos no pós morte. Se para muitos isto produz arrepios, para Grazi tem um significado poético: é a arte da hora da dor.

O lidar contínuo com a morte, especialmente nos últimos meses, quando ficar face a face com este momento de ruptura se tornou mais intenso ainda, faz com que essa jovem mulher, que trabalha sozinha em seu ofício em Castanheira, muitas vezes na calada da madrugada, volte para casa e valorize a vida como nunca.

A reflexão sobre a fragilidade da vida e a inevitabilidade da morte é mais frequente em sua experiência do que para a maioria das pessoas. Solteira, mãe de duas filhas – Izabella e Yasmin – essa filha de Dona Valdeceia, talvez por isto, revele que “não tem dinheiro que pague o que fazemos”. Vê como um privilégio o ato de cuidar de alguém, no momento final de uma história. “É um ato de amor”, conclui.

Manuseio de corpos, velórios, funerais

Os temas da agenda do trabalho dos agentes funerários têm sido muito pesquisados ultimamente, devido os limites criados pelo coronavírus em cenários como velórios, funerais e, principalmente, no manuseio de corpos nos espaços apropriados como da funerária, em Castanheira, onde Grazi vive parte de seu dia a dia. 

Ela lembra que em decorrência da COVID 19 há procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Saúde antes mesmo do velório: a tanatopraxia, por exemplo, que é a técnica de resgatar a boa fisionomia do falecido não é recomendada.

Mas, via de regra, cadáveres não transmitem doenças. Quando os cuidados necessários são tomados e o manuseio correto é praticado, não há razão para temer a disseminação da Covid 19 por cadáveres, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em guia distribuído aos especialistas. 

“Exceto nos casos de febre hemorrágica e cólera, os cadáveres geralmente não são infecciosos”, diz a OMS. “Só podem ser infecciosos os pulmões dos pacientes com gripe pandêmica se forem manipulados de forma incorreta durante uma autópsia”, destaca. 

Isto não significa que cuidados não devem ser observados. No caso do trabalho de Grazi o manuseio do corpo deve ser o menor possível e não deve haver embalsamamento. 

Ela destaca que os velórios e funerais não são recomendados durante períodos de isolamento social e quarentena. Caso sejam realizados, recomenda-se que o enterro ocorra com no máximo dez pessoas, não pelo risco biológico do corpo, mas sim pela contraindicação de aglomerações. Mesmo com a urna lacrada e desinfectada, o distanciamento deve ser observado. Tocar no corpo? Jamais!

A Pax São José em Castanheira esta estabelecida na Av. Gilio Rezieri, 453, no centro. Os telefones de atendimento são (66) 99958 8088 e 9999 1 0166.