Quem o conheceu fala dele usando os melhores termos que podem referenciar um homem. Por isto, uma das homenagens, no espaço de despedidas da Casa da Saudade, na tarde desta terça-feira, 21, dimensiona melhor a soma de todos: “A saudade é grande e o nosso amor para sempre”.
Luiz Antônio Freitas Santos, 49, o Tonho para os próximos ou “Careca Pinta”, como até hoje é conhecido em Pedra Preta, onde nasceu, em 28 de julho de 1973, faleceu às 11h27 de ontem, de parada cardíaca, no Hospital São Lucas em Juína. O dia triste em Castanheira pode muito bem simbolizar a dor de sua partida entre os que ficam.
Suas raízes mais remotas são baianas. Os pais, Leonardo e Maria Luiza, oriundos da chamada Boa Terra, chegaram em Mato Grosso em 1965, em Pedra Preta, trazendo consigo apenas um filho. Os outros cinco nasceriam em solo mato-grossense, visto, como muitos pioneiros, como uma terra de oportunidades.
Em Castanheira, onde chegou em 1990, estabeleceu família, hoje representada por dois filhos e o neto Pedro, pois a esposa, Luciene, faleceu em novembro de 2022. Deixa marcas, especialmente nas lidas do campo, onde era, segundo a pecuarista Lucélia de Oliveira, a Leia do Dagoberto, visto como um “Severino”, expressão usada localmente para definir o faz tudo. Desde os tempos da Chácara Castanheira até a Fazenda JM, contexto de 24 anos de trabalho, além de um bom tratorista, topava qualquer empreitada, como fazer cerca, cozinhar e nesta área preparar uma boa farinha.
“Dele fica o exemplo de bom homem que foi”, destaca o sobrinho Kieslley, residente em Juína, numa roda onde cada destaca uma lembrança. “Costumava me chamar, carinhosamente, de Pretinha”, diz em tom já saudoso, a filha Eloiza, 23. Zilene, 48, irmã residente em Rondônia, cita o seu lado sarrista. “Gostava de colocar apelidos, o meu era Magrela”, intervém Marilene, residente em Camboriú, Santa Catarina.
No geral, Antônio é lembrado como um homem, além de trabalhador, religioso. Em Castanheira era do Movimento Lareira e do Terço dos Homens. Entre os familiares, se empenhava em ensinar, não apenas valores hoje raros, como necessidades elementares. Sabrina, 34, sobrinha mais velha, foi ensinada nos primeiros passos, em cima de uma mesa. Leonardo, 25, o filho, a dirigir, e assim por diante.
Nos últimos tempos, complicações de saúde o afastaram de algumas coisas que gostava de fazer, especialmente as trilhas, com os amigos. Na última, em 03 de abril de 2022, no Novo Horizonte, conhecida como Trilha dos Veteranos, sofreu um acidente. De lá para cá soube conviver com alguns limites, sem nunca abrir mão de outros gostares, entre eles churrasquear, comer um acarajé mineiro, tomar um bom vinho, entre outros.
Seu sepultamento ocorre no final da tarde, no Cemitério Bom Jesus. Deixa no coração de cada amigo e familiar um cantinho de saudade e algo na memória. Mesmo que seja, às vezes, para o choro, quando as imagens de quase cinco décadas de vida vierem à tona.