Vou ser narrador de um momento de minha própria história no texto que segue, a propósito do espírito natalino, numa experiencia aparentemente frustrada de viagem de férias. O drama aconteceu nesta quinta-feira, 22. E é muito comum, especialmente nesta época do ano.
Para quem não me conhece, sou Vivaldo, pastor, jornalista, sul-mato-grossense morando em Mato Grosso, na cidade de Castanheira, onde pastoreio um pequeno grupo de irmãos de viés reformado, escrevo os textos dos portais da Prefeitura Municipal e Câmara Municipal, edito o site Castanheira News e edições esporádicas de uma Revista, a Innovare News. Só pela graça de Deus posso dizer que sou um homem de muitos fazeres, porque de mim mesmo nada sou e posso.
Depois de muitos anos sem passar o Natal e Ano Novo com a família, pegamos a estrada nesta quinta-feira, 22, rumo a Dourados, Mato Grosso do Sul, terra natal, eu e minha esposa, Rosenir Monteiro Melo, Secretária Municipal de Educação. Estávamos animados como crianças, confirmando que chega um tempo que voltamos a esse estágio (riso).
O projeto da viagem, tinha lá um propósito missionário, pois levávamos um lote de Bíblias para falar do amor de Cristo para algumas pessoas com as quais mantemos vínculos, motivados pelo clima natalino. A iniciativa seria possível devido ao apoio de alguns amigos que patrocinaram outro projeto, de cunho musical, que deve ser lançado nas próximas horas, neste site
Tudo caminhava bem, os papos eram felizes, projetando encontros ansiados há tempo, alguns de consolo em contextos de amigos e familiares que tiveram perdas com a Covid 19. Na altura do quilômetro 90, porém, após Juína, na direção de Cuiabá, o carro teve sérios problemas, que requereram o socorro de um guincho e a volta a Castanheira, onde se encontra na oficina do Zé Albino.
Além das despesas com guincho, as previsões iniciais em uma Oficina de Juína são desanimadoras, somando-se a isto que perdemos a chave do veículo, em algum lugar. Pelas projeções feitas, o bom lucro com o projeto cultural, a ser lançado, deve ser direcionado inteiramente para as despesas.
Se a vontade humana, de momento, é de sentar e chorar, a situação, que implicou em várias horas no sol à beira da estrada, num lugar ermo e a necessidade de fazer contato numa fazenda para confirmar um pedido de SOS em Juína – pois várias pessoas pararam oferecendo apoio, o que é comum a todos em casos semelhantes – deixou lições preciosas.
1 – O espírito de solidariedade das pessoas, dando-nos paz quando pensamos em tantas que precisam deste apoio, diariamente. Registre-se que nós mesmos, uma semana antes, demos apoio a um caminhoneiro de Tangará da Serra, que teve que dormir numa estrada de Castanheira, por ter problemas no veículo, levando a ele uma refeição.
2 – Um elemento espiritual no entorno da viagem, uma vez que além da inquietação que tivemos, na noite anterior, vivendo o dilema do “viajamos ou não”, um amigo tentou contatar-nos, quando já estávamos na estrada, para dizer que estava com um “mau pressentimento”.
3 – Dois áudios, de pessoas distintas, que nem se conhecem, que depois de fazerem contato para saber se a viagem estava tranquila, e ouvirem o relato da “não viagem”, usaram um mesmo conceito: pode ter sido um livramento de Deus. Neste caso lembramos de uma avó, que num ambiente de dor com a perda de dois netos, em acidente de carro, disse aos familiares que “a gente vê o agora, Deus vê o depois”.
4 – A convicção de que se amamos a Deus, não estamos sozinhos, não importam as circunstâncias.
5 – A consciência de que não temos que lamentar, nem perdas materiais (neste caso Deus proveu exatamente o que agora precisamos para o conserto do carro). Estamos com vida e em paz, num tempo da história marcado por muitas tristezas, incluindo mortes e perdas, no sul do país, com as enchentes. E temos que pensar em muitos natais sem alegria e sem esperança, em cenários, lamentavelmente, de fome e miséria.
Não vamos celebrar o Natal e o Ano Novo do jeito que queríamos, mas do jeito que Deus determinou. Quanto especificamente ao Natal, temos procurado viver em seu espírito, todos os dias. E é isto que desejamos aos leitores: que o espírito real da festa, nos impulsione todos dias do ano que se aproxima. FELIZ NATAL! PRÓSPERO ANO NOVO!